Argentina deve obter volume recorde de dólares com safra de grãos
Os produtores de grãos da Argentina deverão arrecadar um volume recorde de dólares com exportações na atual temporada, diante dos altos preços globais, da resolução de greves portuárias e de chuvas suficientes para aliviar áreas de cultivo que permaneceram secas por meses.
A safra deste ano é crucial para o setor e para o governo central da Argentina, que precisa reabastecer suas reservas de moeda estrangeira, esgotadas após um “default” soberano no ano passado, que levou os preços dos títulos locais a mínimas históricas.
“A safra agrícola de 2020/21 deve gerar, aos preços atuais, uma receita recorde de divisas, com exportações de cerca de 37,5 bilhões de dólares”, disse Emilce Terre, economista-chefe da bolsa de grãos de Rosario.
A economia da Argentina está em recessão desde 2018, e o governo manteve rígidos controles de capitais para proteger o peso e a saída de dólares do país.
Agricultores, no entanto, afirmaram que as coisas estão melhores atualmente, após convencerem o governo a recuar dos planos de aumento nas taxas de exportação e de imposição de limites para os embarques internacionais de milho e trigo.
Greves de trabalhadores do setor de oleaginosas e de fiscais portuários por reajustes salariais colocaram as exportações em dúvida neste ano, assim como uma seca que castigou os campos de soja, milho e trigo desde o último mês de maio.
Ambos causaram nervosismo entre os exportadores e no governo, sem dinheiro em uma recessão agravada pela pandemia de Covid-19.
“Hoje me sinto muito mais calmo do que em dezembro e janeiro”, disse o presidente da câmara de empresas agroexportadoras CIARA-CEC, Gustavo Idígoras, referindo-se ao acordo fechado com os trabalhadores, que deu fim à greve.
“Os desafios diminuíram significativamente e os preços estão competitivos. A Argentina tem que aproveitar essa oportunidade”, afirmou Idígoras.
O país sul-americano é o terceiro maior exportador de milho do mundo, além de maior fornecedor global de farelo de soja.
Segundo dados oficiais, as companhias exportadoras esmagaram 3,2 milhões de toneladas de soja em janeiro, após terem processado somente 800 mil toneladas em dezembro, quando três sindicatos entraram em greve.
Não há expectativas de qualquer nova agitação trabalhista no curto prazo.