Argentina descarta auxílio emergencial a trabalhadores em 2021
Argentina não precisará de uma nova versão do programa de auxílio emergencial implementado no ano passado por causa da pandemia, informou um representante do alto escalão do governo. A decisão remove uma ameaça que paira sobre a frágil situação fiscal do país.
O governo está trabalhando com um cenário básico no qual a circulação interna não estará restrita este ano como ocorreu no início do confinamento em março, disse o servidor, que pediu para não ser identificado porque as discussões são particulares.
Algumas restrições foram impostas ao comércio recentemente, após o número de casos ter chegado perto do pico de outubro, porém de forma mais contida do que durante o lockdown total de 2020.
Segundo a fonte, evitar limites rigorosos à circulação de pessoas diminuirá a necessidade de implementação de outra parcela do Ingresso Familiar de Emergência (IFE), o programa de apoio à renda de segmentos vulneráveis, incluindo desempregados e autônomos. Um porta-voz do Ministério da Economia não quis comentar.
No auge, antes de ser gradualmente removido, o programa concendeu a quase 9 milhões de argentinos, ou cerca de 20% da população, um pagamento mensal de 10.000 pesos (US$ 116) durante três meses. As transferências do IFE ajudam a explicar um déficit primário (que exclui o pagamento de juros) equivalente a 6,5% do PIB em 2020, divulgado na quarta-feira, e bem maior do que o déficit de 0,4% apurado em 2019.
O subsídio do IFE não foi incluído no orçamento de 2021, mas algumas autoridades afirmam que a retomada do programa depende do avanço do coronavírus.
A Argentina registrou 1.831.681 casos de Covid-19 e mais de 46.000 mortes. O país iniciou a vacinação nos últimos dias de dezembro e aplicou mais de 240.000 doses da Sputnik V até o momento.
Sem o programa de apoio à renda, o governo espera reduzir o déficit primário para 4,5% do PIB este ano. A diminuição do déficit será um elemento central do acordo pendente com o Fundo Monetário Internacional. O país deve ao FMI cerca de US$ 45 bilhões e o novo pacto que está sendo negociado entre as partes incluirá um plano econômico amplo que o governo ainda não detalhou.