Arábia Saudita prepara terreno para grandes cortes na produção de petróleo
O mercado de petróleo pode estar na iminência de um novo evento sísmico, causado por cortes ainda mais amplos na produção por parte dos países da Opep.
Nesse sentido, vale destacar a decisão de ontem da Arábia Saudita em suprimir 1 milhão de barris por dia (bpd) da sua produção para os contratos de agosto, reduzindo a sua capacidade diária para o menor patamar em muitos anos.
Em razão deste movimento, o WTI (referência americana) e o Brent (referência internacional) operaram em alta de 2% hoje. O Brent passa a ser negociado aos US$ 76, ainda dentro da zona de lateralidade que definiu o caminho do petróleo por toda a primeira metade do ano.
Mas, apesar da persistência do clima baixista sobre o mercado do petróleo, mesmo diante de cortes prévios do cartel, autoridades da Arábia Saudita e de países aliados da Opep deram indicações de que continuarão agindo para elevar o preço do petróleo.
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O plano da Opep+ para novos cortes
Segundo Simon Watkins, ex-editor global da S&P em mercado de commodities e jornalista com livros publicados sobre o mercado de petróleo, o primeiro passo para os novos cortes da Opep+ está sendo formulado com base nas previsões otimistas para a demanda de países asiáticos.
Segundo a própria organização, o crescimento econômico forte na Ásia responderia por praticamente todo o salto no consumo de petróleo. Neste sentido, a petroleira estatal Saudi Aramco quantifica que Índia e China aumentariam, sozinhas, em 2 milhões de bpd, a demanda global até o fim de 2023.
Para Watkins, no entanto, a Opep+ está amplamente ciente do fato de que as suas projeções de demanda estão muito mais otimistas que o atual passo das duas maiores economias asiáticas.
Nesse sentido, há poucas semanas, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, chegou a informar que a Opep e os aliados do cartel estão em “estado de alerta” para endereçar a divergência entre os mercados “físico (a preço) e futuro”.
Assim, segundo Watkins, parece que a organização dos países produtores, e a líder “de facto” Arábia Saudita, está preparada para lançar uma nova fase da política de suporte de preços, quando a demanda esperada pelos países asiáticos não se materializar.
O jogo da Opep+ em esperar o momento certo para realizar uma nova tentativa de corte vem depois de três tentativas inócuas de suportar os preços do petróleo, com cortes anunciados em outubro do ano passado, e depois em abril e junho deste ano.
No discurso oficial da aliança, o apoio a uma política de suporte de preços é visto como fundamental para proteger o suprimento de petróleo de picos de demanda, evitando a escassez.