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Aprosoja pede boicote à Danone após embargo à soja do Brasil

29 out 2024, 11:01 - atualizado em 29 out 2024, 11:01
Danone soja
Para a entidade, o boicote adotado pela Danone já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros. (Imagem: REUTERS/Christian Hartmann)

A Aprosoja Brasil, entidade que representa agricultores do maior produtor e exportador global de soja, citou nesta terça-feira (29) “motivos” para produtores rurais brasileiros boicotarem a Danone após a companhia francesa anunciar que não mais compra a oleaginosa no país.

A gigante francesa de laticínios Danone parou de comprar soja do Brasil e agora compra de países da Ásia, disse seu diretor financeiro à Reuters recentemente, enquanto a União Europeia prepara uma lei que exige que as empresas provem que não estão comprando commodities de áreas desmatadas.

Segundo a Aprosoja Brasil, a decisão demonstra desconhecimento do processo produtivo no Brasil e “um ato discriminatório contra o país e sua soberania”.

“Não é de se duvidar que os produtores rurais brasileiros, cansados de serem injustamente apontados como os vilões, quando, na verdade são os heróis da sustentabilidade, comecem a ter motivos de sobra para colocar a Danone e outras marcas mundiais na lista de empresas a serem boicotadas no Brasil”, afirmou a Aprosoja.

Para a entidade, o “boicote adotado pela multinacional francesa já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros, mesmo que a legislação da União Europeia antidesmatamento ainda não tenha entrado em vigor”.

O Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), que abrange importações de commodities como cacau, café e soja, estava programado para entrar em vigor em 30 de dezembro de 2024, embora a Comissão da UE tenha proposto um adiamento de 12 meses.

Segundo a associação, “a afirmação de que o Brasil lidera a destruição de floresta tropical no mundo é fala de quem desconhece a dinâmica das florestas no Brasil”.

“Pior ainda, está discriminando o único produtor de soja no mundo que preserva o meio ambiente e os recursos hídricos dentro das suas propriedades”, disse a entidade, citando a legislação brasileira, que determina que o produtor rural precisa preservar de 20% a 80% de Reserva Legal, dependendo do bioma, e mais as Áreas de Preservação Permanentes (beira de rio, topo de morro e entorno de nascentes).

“Comparativamente, os produtores franceses não preservam quase nada”, disse a Aprosoja Brasil.

A entidade afirmou ainda que “este ato de discriminação contra a produção de grãos do Brasil é passível de reclamação por parte do governo brasileiro nas instâncias que regulam o comércio mundial”, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Procurada no Brasil, a Danone não comentou o assunto imediatamente.

Enquanto os principais comerciantes de grãos seguem acordos como a Moratória da Soja, que proíbe a compra de soja de terras recém-desmatadas na floresta amazônica, o Cerrado brasileiro vê o avanço do cultivo, em momento em que o desmatamento nessa região tem crescido.

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