Apple Store, Google Play… chegou a hora das Bank Stores
Por Monica Saccarelli, ex-sócia e fundadora da corretora Rico
Desde que vestia a camisa de uma instituição financeira, o mercado (o tal mercado) sempre comentou sobre a ameaça das fintechs para os bancos e as corretoras. Minha visão, mesmo sendo sócia de uma corretora, sempre foi a de acreditar numa plataforma aberta que, quanto mais reunisse novos produtos, serviços e experiências, melhor seria a experiência do cliente.
Sendo assim, sempre defendi isso dentro da empresa e também fui para a rua bater na porta das fintechs deixando a corretora aberta para elas, tentando entender o que precisaríamos mudar ou criar para juntos crescermos. Nessas investidas aprendi bastante e acho que também contribui um pouco com a visão da grande instituição financeira. Apesar de querer fazer diferente, é preciso respeitar a legislação e toda a regulação do mercado – regrinha que vale para os pequenos até os gigantescos players -, afinal, trabalhamos com dinheiro – talvez o lado mais sensível do ser humano. Defendo que precisamos atualizar muitas regras, mas isso também precisa ser feito em conjunto.
Do lado tecnológico, os nossos bancos precisam fazer como os bancos lá de fora, abrindo suas plataformas para agregar as fintechs às suas estruturas. Mas não tem por que ficarmos discutindo banco ou fintech se a grande ameaça pode estar nas grandes empresas de tecnologia como Google e Apple.
Isso mesmo, de acordo com uma pesquisa da consultoria Bain & Company, consumidores são mais propensos (89%) a experimentar produtos financeiros oferecidos por essas gigantes do que por uma novata (65%).
Resumindo: a nova geração de clientes é totalmente conectada e aberta para experimentar novas soluções, mas só migrará mesmo se tiver confiança. E confiança é o principal valor quando falamos de finanças, por isso, para melhorarmos a nossa educação financeira no Brasil, tanto com investimentos ou crédito ou pagamentos, precisamos usufruir da tecnologia e estarmos abertos para que as soluções diferentes se complementem.
Plataforma aberta já é uma realidade no nosso dia-a-dia. Apple Store, Samsung, Facebook e tantas outras gigantes permitem que novas soluções se conectem a elas para melhorar a experiência do usuário. E por que o mercado financeiro precisa ser diferente?