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Apple planeja trocar chip da Broadcom por componente próprio

15 jan 2023, 8:00 - atualizado em 12 jan 2023, 14:05
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A expectativa era de que a Apple trocasse os componentes da Qualcomm ainda este ano, mas problemas de desenvolvimento atrasaram o cronograma (Imagem: jankuss/ Pixabay)

A decisão da Apple de substituir chips usados em seus aparelhos por componentes próprios vai resultar na exclusão de um semicondutor-chave da Broadcom em 2025, segundo pessoas com conhecimento dos planos, uma medida de grande impacto para um de seus maiores fornecedores.

Como parte da mudança, a Apple também prepara seu primeiro chip de modem celular até o fim de 2024 ou início de 2025. Isso permitiria à empresa substituir os eletrônicos da Qualcomm, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.

A expectativa era de que a Apple trocasse os componentes da Qualcomm ainda este ano, mas problemas de desenvolvimento atrasaram o cronograma.

A Apple é o maior cliente da Broadcom e respondeu por cerca de 20% da receita da fabricante de chips no último ano fiscal, em um total de quase US$ 7 bilhões.

A Qualcomm obteve 22% das vendas anuais com a fabricante do iPhone, o que representou aproximadamente US$ 10 bilhões, embora a empresa venha alertando há anos que sua dependência da Apple vai diminuir.

As medidas prometem sacudir ainda mais uma indústria de chips que fatura bilhões de dólares com a venda de componentes para a Apple. A empresa de tecnologia mais valiosa do mundo já substituiu a maioria dos processadores da Intel em seus computadores Mac, optando por usar chips internos, chamados de Apple Silicon. Agora, as mudanças atingem os maiores fabricantes de eletrônicos sem fio.

O iPhone é o produto mais lucrativo para a Apple, tendo respondido por mais da metade de sua receita de US$ 394,3 bilhões no ano passado. O smartphone também ajudou a impulsionar o crescimento da Broadcom, que se refere à Apple como seu “grande cliente” da América do Norte durante as teleconferências de resultados.

O componente combinado da Broadcom opera tanto as funções de Wi-Fi quanto de Bluetooth em dispositivos da Apple.

A Apple é o maior cliente da Broadcom e respondeu por cerca de 20% da receita da fabricante de chips no último ano fiscal, em um total de quase US$ 7 bilhões (Imagem: Pixabay/Pexels)

A Apple atualmente desenvolve um substituto interno para esse chip e pretende começar a usá-lo em seus aparelhos em 2025, disseram as pessoas. Além disso, já trabalha em uma versão posterior que combinará recursos de modem celular, Wi-Fi e Bluetooth em um único componente.

Um representante da Apple, com sede em Cupertino, Califórnia, não quis comentar. A Broadcom não fez um comentário imediato.

A Broadcom ainda fornece à Apple outros componentes – entre eles chips de radiofrequência e os usados em carregadores sem fio – embora a fabricante do iPhone também trabalhe na personalização dessas peças.

Durante teleconferência no mês passado, o CEO da Broadcom, Hock Tan, mostrou confiança de que sua empresa manterá sua presença na Apple.

“Acreditamos que temos a melhor tecnologia e entregamos valor aos nossos clientes”, afirmou.

A Qualcomm não quis comentar e fez referência a comentários anteriores da empresa sobre o assunto.

Em novembro, a fabricante de chips informou que esperava fornecer a grande maioria dos modems para o lançamento do iPhone em 2023, acima da estimativa anterior de apenas 20%. “Além disso, não há mudanças em nossa premissa de planejamento e estamos assumindo uma contribuição mínima para as receitas dos produtos da Apple no ano fiscal de 25”, disse a Qualcomm.

Com a substituição dos modems da Qualcomm, a Apple planeja inicialmente usar seu componente interno apenas em um novo produto, como um modelo de iPhone de última geração. Em seguida, pretende trocar gradualmente os modems da Qualcomm durante um período que, segundo suas previsões, deve levar cerca de três anos – semelhante à forma como conduziu transições anteriores.

Mas a troca não tem sido fácil. Com o objetivo de lançar seu próprio modem celular ainda este ano, a empresa enfrentou problemas como superaquecimento, duração da bateria e validação do componente. O iPhone atualmente funciona com mais de 100 operadoras móveis em mais de 175 países, o que requer um processo de teste demorado e complicado.