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Apple limita compartilhamento de arquivos por iPhones na China

10 nov 2022, 9:54 - atualizado em 10 nov 2022, 9:54
Apple
O uso do AirDrop para contornar a rigorosa censura online da China foi bem documentado nos últimos três anos e outra vez destacado recentemente (Imagem: Unsplash/Laurenz Heymann)

A Apple limitou o recurso de compartilhamento de arquivos sem fio AirDrop em iPhones na China, depois de o mecanismo ter sido usado por manifestantes para enviar imagens a outros proprietários do celular.

O AirDrop permite a troca rápida de arquivos como imagens, documentos ou vídeos entre dispositivos Apple. A nova versão iOS 16.1.1, lançada na quarta-feira, fixa uma janela de 10 minutos para que usuários possam receber arquivos de pessoas que não fazem parte de seus contatos. As opções anteriores não limitavam o tempo envolvido.

Os usuários podem optar por receber arquivos de qualquer pessoa, apenas de seus contatos ou de ninguém.

Após o término do período de 10 minutos, o sistema volta ao modo em que os arquivos só podem ser recebidos de contatos.

Com isso, indivíduos não poderão obter uma transferência do AirDrop de um estranho sem ativar o recurso nos minutos anteriores. Isso dificulta o objetivo de quem busca distribuir conteúdo a mais pessoas e de forma discreta.

A Apple introduziu a mudança para o AirDrop nos iPhones vendidos na China. A medida veio na esteira do uso do serviço por manifestantes no país para divulgar cartazes contra o presidente chinês Xi Jinping e seu governo.

O uso do AirDrop para contornar a rigorosa censura online da China foi bem documentado nos últimos três anos e outra vez destacado recentemente.

A Apple não comentou por que a mudança foi introduzida na China, mas disse que planeja disponibilizar a nova configuração do AirDrop globalmente no próximo ano. A ideia é mitigar o compartilhamento indesejado de arquivos, disse a empresa.

Mas a gigante de tecnologia de Cupertino, Califórnia, foi alvo de críticas no passado por fazer alterações nos recursos do iPhone para apaziguar o governo chinês.

Em 2019, por exemplo, a fabricante do iPhone foi criticada por esconder o emoji da bandeira de Taiwan para usuários em Hong Kong ou Macau. Também removeu aplicativos para redes privadas virtuais, ou VPNs, que são comumente usados para furar o firewall da internet do país. Muitos dos serviços da própria Apple também são inacessíveis na China – o maior mercado de smartphones do mundo – entre eles o Apple TV+, iTunes Store, podcasts pagos, Apple Books e Apple Arcade.

A China enfrenta um desafio crescente para reprimir o descontentamento social. Slogans antigoverno surgiram em cidades como Pequim no mês passado, antes de uma importante reunião do Partido Comunista. Durante os protestos pró-democracia em Hong Kong, ativistas usaram o AirDrop para divulgar suas demandas políticas. A China prometeu manter a rigorosa política Covid Zero no fim de semana, o que frustrou esperanças de que o governo de Pequim pudesse aliviar os controles após o Congresso do partido.

A ferramenta AirDrop tem sido marcada por polêmica desde sua estreia no iPhone com o iOS 7 em 2013, pois também foi usada de forma inadequada em configurações fora da China.

Houve vários relatos ao longo do último ano de voos atrasados ou cancelados devido ao envio por passageiros de falsas ameaças de terrorismo ou de imagens pornográficas para outras pessoas a bordo.

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