Apple enfrenta era pós-iPhone, ainda dependente do produto
Menos da metade da receita trimestral da Apple veio das vendas do iPhone. É a primeira vez que isso acontece desde 2012, um sinal de que a empresa iniciou a era pós-iPhone, o principal produto da gigante de tecnologia.
Embora a Apple tenha registrado um recorde de US$ 11,5 bilhões em vendas de serviços no terceiro trimestre fiscal, com um forte desempenho dos chamados “wearables”, como o Apple Watch, a empresa ainda não pode se livrar da dependência do iPhone. Embora essas duas categorias de produtos estejam crescendo, elas ainda estão ligadas ao smartphone.
Todos os principais serviços e wearables da empresa, incluindo o relógio e os fones de ouvido AirPods, exigem ou funcionam melhor com o smartphone da Apple. Serviços como a App Store, o Apple Pay, o Apple News+ e o próximo jogo arcade são usados principalmente com o iPhone.
Combinadas, as duas principais linhas independentes de produtos da Apple não ligadas ao iPhone – computadores Mac e iPads – responderam por apenas 20% da receita no terceiro trimestre fiscal, apesar do aumento na comparação anual, segundo balanço da Apple divulgado na terça-feira. A Apple também desenvolve um fone de ouvido que combina realidade virtual e aumentada, com previsão de lançamento nos próximos anos, mas também é provável que seja compatível com o iPhone.
Para que a era pós-iPhone tenha sucesso, a empresa terá que continuar vendendo iPhones ou fazer com que sua música, pagamento digital, vídeo e outros serviços sejam úteis e bons o suficiente para que usuários de dispositivos móveis rivais passem a usar os serviços da Apple.
A receita do smartphone diminuiu 12% no trimestre em relação ao ano anterior, mas executivos da Apple disseram em teleconferência que o esforço deste ano para estimular as vendas com descontos, mais opções de financiamento e programas de troca de aparelho está funcionando.
O otimismo dos executivos se estende à previsão da empresa para o trimestre atual, quando estreiam os novos modelos do iPhone. A Apple projetou receita entre US$ 61 bilhões e US$ 64 bilhões no trimestre que termina em setembro, superando a estimativa média de analistas de US$ 61 bilhões.
“As fortes vendas não relacionadas ao iPhone da Apple no 3T são animadoras, pois destacam o progresso da empresa na diversificação e redução de sua dependência do dispositivo icônico”, disse John Butler, analista da Bloomberg Intelligence, em relatório sobre o balanço. “As receitas de wearables, casa e acessórios aumentaram 48%, com vendas fortes do Apple Watch.”