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Apple cede à pressão da UE e vai permitir lojas de app externas

14 dez 2022, 11:11 - atualizado em 14 dez 2022, 11:11
Apple
Como parte das mudanças, clientes poderão baixar software de terceiros em seus iPhones e iPads sem usar a App Store (Imagem: Unsplash/Laurenz Heymann)

A Apple planeja permitir lojas de aplicativos alternativas em seus iPhones e iPads, como parte de uma ampla reformulação destinada a cumprir normas rigorosas da União Europeia em 2024.

Engenheiros de software e de serviços estão envolvidos em um grande esforço para abrir elementos-chave das plataformas da Apple, de acordo com pessoas com conhecimento do projeto.

Como parte das mudanças, clientes poderão baixar software de terceiros em seus iPhones e iPads sem usar a App Store e com isso evitar restrições da Apple e uma comissão de até 30% imposta sobre pagamentos.

As medidas – uma reversão das antigas políticas – são uma resposta às leis da UE destinadas a nivelar o campo de jogo para desenvolvedores terceirizados e melhorar a vida digital dos consumidores.

Há anos reguladores e fabricantes de software reclamam que a Apple e o Google, que operam as duas maiores lojas de aplicativos móveis, exercem muito poder como portas de entrada.

Se leis semelhantes forem aprovadas em outros países, o projeto da Apple pode lançar as bases para outras regiões, de acordo com as pessoas, que pediram para não serem identificadas.

Mas as novas regras devem inicialmente entrar em vigor apenas na Europa.

Um porta-voz Apple, com sede em Cupertino, na Califórnia, não quis comentar sobre as possíveis mudanças.

A principal nova lei europeia, chamada Lei dos Mercados Digitais, entrará em vigor nos próximos meses, mas as empresas só serão obrigadas a cumprir todas as regras a partir de 2024.

Autoridades dos EUA e de outros países pressionaram por leis semelhantes, mas ainda não foram tão longe quanto a UE.

A lei exige que empresas de tecnologia permitam a instalação de aplicativos de terceiros e que usuários possam alterar as configurações padrão com mais facilidade.

De acordo com as regras, os serviços de mensagens precisam trabalhar juntos e desenvolvedores externos devem receber acesso igualitário aos principais recursos dos aplicativos e serviços.

As leis se aplicam a companhias de tecnologia com valor de mercado de pelo menos 75 bilhões de euros (US$ 80 bilhões) e um mínimo de 45 milhões de usuários mensais dentro da UE.

A Apple tem destinado quantidade significativa de recursos para o empreendimento em toda a empresa.

Não parece ser uma iniciativa bem-vinda dentro da Apple, considerando que a empresa passou anos condenando a necessidade de “sideloading” – o processo de instalação de software sem usar a App Store.

Ao fazer lobby contra as novas leis europeias, a Apple argumentou que o “sideloading” poderia colocar aplicativos inseguros nos dispositivos de consumidores e minar a privacidade.

Alguns engenheiros que trabalham no plano também veem o projeto como uma distração para o desenvolvimento diário típico de recursos futuros, de acordo com as pessoas.

A empresa espera que as mudanças estejam prontas como parte de uma atualização para o iOS 17 do ano que vem, o que estaria de acordo com as normas.

A Apple gerou cerca de US$ 95 bilhões em receita na Europa, que inclui a UE e o Reino Unido, durante o ano fiscal de 2022.

Essa base de receita provavelmente será afetada quando introduzir as regras, que devem deixar a App Store menos rentável.

Mas, no geral, a Apple deve ser capaz de absorver o impacto financeiro.

A App Store representa 6% da receita total, e a contribuição da Europa para essa fatia é provavelmente inferior a 2%, de acordo com os analistas da Bloomberg Intelligence, Anurag Rana e Andrew Girard.

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