Economia

Apostas na mesa: Veja quando o Banco Central pode começar a reduzir a Selic

22 set 2022, 13:54 - atualizado em 22 set 2022, 13:54
O Banco Central não confirmou o fim do aperto monetário e nem indicou quando promoverá os primeiros cortes na taxa básica de juros. (Imagem: Beto Nociti/Banco Central)

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar de 13,75% ao ano, após 12 altas seguidas.

O Banco Central não confirmou o fim do aperto monetário e nem indicou quando promoverá os primeiros cortes na taxa – apenas apontou que “se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

No entanto, o mercado já tem suas apostas. Boa parte afirma que a autoridade monetária deverá afrouxar sua política no segundo semestre de 2023.

Para o UBS BB, o Brasil está sendo pioneiro: foi um dos primeiros a elevar os juros, agora está sendo um dos primeiros a interromper o ciclo e, provavelmente, será o primeiro a derrubar a Selic.

“Esta expressão é um sinal que eles não esperam cortes antes da trajetória de convergência da inflação, em linha com o nosso corte inicial e Focus, que acontece apenas em junho de 2023″, diz em relatório.

Nunca antes visto

Daniel Alberini, economista e sócio-fundador da CTM Investimentos, destaca que a decisão do Banco Central de manutenção da taxa parece ter sido estratégica para segurar um pouco o ânimo do mercado que começava a precificar uma queda dos juros no Brasil já no ano que vem.

Mas ele relembra um fato curioso: o Banco Central nunca passou mais do que quatro reuniões do Copom sem promover um corte de taxa de juros.

“Isso acontece na quarta ou na quinta reunião. Então, dependendo das políticas públicas, da eleição, dos ajustes que vão ser realizados do pós-eleição e do congresso, o mercado pode ver uma dinâmica de corte de juros”, afirma.

Risco de alta

Ainda assim, o mercado não descarta a possibilidade de novas altas na Selic.

“Foi escrito que os passos futuros da política monetária podem ser ajustados e que o BC não hesitará em retomar o ciclo de aperto caso o processo de desinflação não prossiga como esperado. Ou seja, se a trajetória da inflação for maior que a previsão do Copom, eles podem subir novamente”, aponta o USB BB.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco Goldman Sachs, o mercado já pode se preparar para novos reajustes na taxa básica de juros nos próximos meses.

“No curto prazo, entre quatro e seis meses, o risco é de que a Selic tenha que ser ainda mais alta devido às pressões de serviços e núcleos de inflação ainda intensas, atividade robusta do mercado de trabalho, incertezas em torno da postura fiscal, inflação global e políticas monetárias globais”, diz.

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