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Aposta em petróleo contra inflação enfraquece, diz Credit Suisse

23 jun 2022, 12:42 - atualizado em 23 jun 2022, 12:42
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“Mesmo em commodities com oferta mais restrita, como o petróleo, o que começamos a ver no mercado de derivativos é que as pessoas começam a precificar mais riscos de queda”, disse Xu (Imagem: REUTERS/Arnd WIegmann)

A recente aposta nas commodities como proteção contra inflação começa a perder força com a preocupação de que uma recessão reduzirá a demanda por matérias-primas.

Essa é a visão de Mandy Xu, chefe de estratégia de derivativos de ações do Credit Suisse, que disse que o posicionamento no mercado de derivativos de petróleo mostra uma crescente especulação de que a deterioração das perspectivas econômicas pode superar os desafios de oferta.

“Mesmo em commodities com oferta mais restrita, como o petróleo, o que começamos a ver no mercado de derivativos é que as pessoas começam a precificar mais riscos de queda”, disse Xu em entrevista à Bloomberg Television.

Xu citou uma medida do mercado de opções conhecida como ‘put skew’, o prêmio que um comprador paga para se proteger contra um declínio nos preços. Ela disse que o aumento desse prêmio sinaliza uma preocupação crescente com o os riscos de desaceleração do crescimento global.

As matérias-primas, desde metais industriais a petróleo, caíram este mês, derrubando o índice de commodities da Bloomberg para o nível mais baixo desde março. Os temores de que o aperto da política monetária nos EUA leve a uma recessão dominam os mercados globais, ofuscando os desafios de oferta.

“O único setor em alta no ano é o de energia, e é isso que estamos destacando há algumas semanas como a próxima possível dor de cabeça para os investidores”, disse Xu. “O risco de recessão significa que a tendência de mais ganhos no setor será limitada.”

As ações do setor de energia no S&P 500 subiram 32% este ano, o único subgrupo do índice ainda em território positivo.

É improvável que os preços do petróleo caiam, pois a demanda de combustível da China está se recuperando e o mercado tem dificuldade em aumentar a oferta, segundo Russel Hardy, diretor executivo do Vitol Group, a maior trading independente de petróleo. “O mercado está um pouco preocupado com o fato de estarmos ficando sem capacidade ociosa e está começando a incluir isso nos preços”, disse ele em um fórum na terça-feira.

Outros são mais baixistas.

“Um perfil de preços em declínio na maioria das commodities de mineração e energia é justificado por uma perspectiva de demanda enfraquecida”, disse Vivek Dhar, analista de commodities do Commonwealth Bank of Australia.

A perspectiva de aumento dos preços “provavelmente depende da China relaxar sua política de Covid Zero”, escreveu ele em nota na quinta-feira.

O rumo dos preços das matérias-primas é crucial para os mercados globais. Quedas sustentadas podem ajudar a conter expectativas de inflação e permitir que os bancos centrais reduzam o ritmo de aumentos de juros, o que poderia ajudar ações e títulos.

“A queda das commodities deve ser bem-vinda, pois gera pressões desinflacionárias”, disse Chris Weston, chefe de pesquisa do Pepperstone Group, em nota. “Essa dinâmica se torna muito mais otimista para as ações se for impulsionada pela percepção de aumento da oferta, não por preocupações com a demanda, o que parece ser o caso agora.”

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