Commodities

Após Vale, BHP também prevê queda de preço do minério de ferro

27 ago 2020, 10:23 - atualizado em 27 ago 2020, 10:23
Vale
O movimento foi embalado pela China, que intensificou os estímulos para suavizar as consequências da pandemia, ao mesmo tempo em que a brasileira Vale enfrentava dificuldades de produção (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

O presidente da maior mineradora do mundo prevê queda adicional do preço do minério de ferro com a chegada de mais oferta ao mercado global.

É mais uma projeção de recuo na cotação que atingiu o maior nível em anos. Os contratos futuros da commodity caíram em Cingapura.

“Não esperamos que os preços se sustentem”, disse o CEO da BHP Group, Mike Henry, em teleconferência com acionistas. “À medida que outras jurisdições deixarem para trás alguns dos impactos de curto prazo da Covid, haverá mais oferta de minério de ferro no mercado.” Ele acrescentou: “Provavelmente veremos os preços caindo um pouco.”

O minério de ferro disparou em 2020, quando os preços superaram o pico atingido no ano passado devido ao choque de oferta.

O movimento foi embalado pela China, que intensificou os estímulos para suavizar as consequências da pandemia, ao mesmo tempo em que a brasileira  Vale (VALE3) enfrentava dificuldades de produção.

Mas a tendência pode estar mudando. A cotação da commodity vem caindo e os comentários de Henry se somam aos da Vale, que avisou em julho que não enxergava suporte para preços altos.

Fornecedores menores também estão preocupados.

“Precisamos lembrar que as árvores não crescem até o céu”, disse Peter Hambro, presidente do conselho da mineradora IRC, em entrevista à Bloomberg Television nesta quinta-feira.

A IRC produz em pequena escala e abastece compradores chineses a partir de minas no extremo leste da Rússia. “Estamos em um alto nível agora, um pouco longe do topo. Mas a curva a termo nos parece mais atraente.”

Os contratos futuros de minério de ferro chegaram a recuar 2,6% para US$ 116,96 por tonelada na bolsa de Cingapura, marcando a quinta queda nos últimos seis pregões.

A expectativa é que o saldo semanal seja negativo após quatro semanas de ganhos. Na semana passada, a tonelada chegou a US$ 125, maior valor desde 2014.

Segundo Hambro, a IRC está bem posicionada e a produção de aço deve seguir firme na China, sustentada por diretrizes governamentais no país que responde por mais da metade da produção siderúrgica mundial. Ao mesmo tempo, haverá mais oferta de minério de ferro do Brasil e da Austrália, disse ele.

Essa perspectiva é consistente com as estimativas de exportação. Dados preliminares de transporte marítimo mostram que as exportações do Brasil estão no maior patamar em um ano, segundo a BMO Capital Markets. E pela primeira vez, Vale, BHP e Rio Tinto Group estão vendendo a um ritmo superior a 300 milhões de toneladas anuais, de acordo com a empresa.