Política

Após ter MP devolvida, Bolsonaro propõe projeto de lei para dificultar moderação nas redes

20 set 2021, 9:48 - atualizado em 20 set 2021, 15:08
Da mesma forma, partiu dos parlamentares a pressão para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devolvesse a medida provisória enviada por Bolsonaro (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Depois de ter sua medida provisória que dificultava a remoção de postagens em redes sociais devolvida pelo Congresso, o presidente Jair Bolsonaro enviou novamente aos parlamentares um texto com os mesmos princípios, mas agora na forma de projeto de lei.

Em nota enviada pela Secretaria-Geral da Presidência, o governo afirma que a intenção da proposta é “estabelecer balizas” para que os provedores de redes sociais façam a moderação de conteúdos, mas não impediria a remoção de postagens.

Além disso, o provedor será, de acordo com o projeto, obrigado a notificar o usuário sobre a remoção e ter canais para que a decisão seja contestada.

O texto integral do projeto não foi apresentado pelo Palácio do Planalto.

Ao contrário da MP, que entra em vigor no momento da sua publicação, o projeto terá agora que ser analisado e aprovado por deputados e senadores para só então começar a valer.

Entretanto, a proposta não deve ter vida fácil no Congresso. Ao aprovar o novo código eleitoral, na semana passada, deputados optaram por retirar do texto artigos que tratavam do mesmo tema.

Da mesma forma, partiu dos parlamentares a pressão para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devolvesse a medida provisória enviada por Bolsonaro.

Foi Pacheco quem lembrou, aliás, que já tramitam no Congresso propostas que visam alterar o Marco Civil da Internet.

“Agora, vindo um projeto de lei, ele se soma a outros que tramitam no Senado e na Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, que versam sobre esse tema”, disse o presidente do Congresso, após participar de evento em Campinas (SP).

Segundo ele, há um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados que debate uma das propostas já aprovadas pelo Senado. De acordo com Pacheco, o texto enviado pelo Planalto “é mais um projeto que se soma a essa ideia”.

“Vamos ter toda a boa vontade de fazer um exame a respeito de eventuais alterações que possam acontecer nessa legislação. Mas nós temos que proteger as nossas crianças, temos que proteger os nossos jovens, temos que proteger as nossas famílias desse mal que é o mau uso da internet, disseminando mentiras, disseminando essas fake news, gerando muita instabilidade e muita vulnerabilidade da sociedade”, acrescentou o senador.

O texto da MP, publicada na véspera dos atos do 7 de Setembro convocados pelo presidente, previa a necessidade de “justa causa” para remoção de conteúdos e proibia a retirada de publicações pelo que pudesse ser considerado “censura de ordem política, ideológica, científica, artística ou religiosa”.

O texto foi feito sob medida para tentar proteger apoiadores de Bolsonaro, que tem sido alvo da moderação das redes sociais por publicações em apoio a um golpe de Estado, contra vacinas e que disseminam notícias falsas ou desinformação.

(Atualizada às 15:08)