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Após tentar diversificar negócios, Twitter volta às origens para crescer

24 jun 2017, 13:48 - atualizado em 05 nov 2017, 14:01

Twitter

A rede social Twitter ainda precisa provar que pode ser realmente grande. Apesar de o número de usuários ativos da plataforma ter subido 6% no primeiro trimestre, para um total de 328 milhões em todo o mundo, a companhia está há anos “estacionada” pouco acima da marca de 300 milhões.

Depois de tentar diversificar sua atividade e de comprar startups, o Twitter resolveu mexer na estratégia ao longo do último ano. Trocou parte da equipe e a ordem passou a ser retornar às origens. Durante um evento paralelo ao Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, o presidente e cofundador do Twitter, Jack Dorsey, afirmou que o objetivo atual é agradar primeiramente as pessoas que estão dentro da plataforma.

O trabalho em relação ao público que a companhia ainda pode angariar ficará num plano secundário. “A nossa ponta de lança é o produto em si e seus fundamentos. As pessoas vêm ao Twitter para ver o que está acontecendo no mundo e ver diferentes pontos de vista.” O Estadão é o representante oficial de Cannes Lions no Brasil. Dorsey afirmou que a rede social não pode ficar “refém” de flutuações sazonais para crescer – para ele, a plataforma precisa ser boa o suficiente para não depender tanto de fatores externos.

Após o avanço no primeiro trimestre, alguns analistas de Wall Street apontaram que parte da expansão do Twitter poderia estar ligada ao “efeito Trump”, uma vez que o presidente dos Estados Unidos costuma usar os 140 caracteres para expressar sua opinião sobre os mais diversos assuntos.

“Nós temos flutuações que acontecem organicamente, como quando uma figura pública faz declarações, ou então em grande eventos esportivos ou em catástrofes naturais”, admitiu Dorsey, lembrando, porém, que não serão esses fatores que criarão o crescimento no longo prazo.

“O que nós precisamos é deixar claro para as pessoas o que é o Twitter. Somos a forma mais rápida de entender se um tema entrou ou não no imaginário coletivo.” Do ponto de vista administrativo, Dorsey afirmou que o Twitter também deixou de aplicar tantos recursos no desenvolvimento ou na aquisição de plataformas proprietárias, como as de veiculação de publicidade, por exemplo.

“Nós sempre tivemos a tendência de construir as nossas próprias soluções, mas nem sempre soubemos dar espaço para as empresas que compramos fazerem seu trabalho”, disse o executivo.

Nova era

Uma das mudanças que o Twitter empreendeu foi deixar de se vender como uma empresa de tecnologia – até para evitar comparações com o Facebook, que é usado por 2 bilhões de pessoas, ou com o Instagram, que ganhou 100 milhões de usuários somente de janeiro a março.

Como o Twitter dissemina informações, a companhia decidiu passar a se autodenominar como um produto de mídia. Para atingir esse objetivo, trocou o comando de sua área de marketing, que foi assumida por Leslie Berland, ex-American Express. Em entrevista, Leslie afirmou que, ao entrar na companhia, decidiu realizar uma pesquisa para entender como as pessoas viam o Twitter.

“Entre os usuários que acessam a plataforma todo dia, o Twitter era usado como uma fonte de informação”, explicou a executiva. “Era algo que estava em nosso DNA corporativo, mas que não vínhamos trabalhando como deveríamos. A partir disso, foi muito mais fácil definir nosso novo posicionamento.” No entanto, como ainda precisa atrair novos usuários, o Twitter está buscando formas diferentes de trazer mais audiência.

Como as redes sociais são vistas como a “segunda tela” de alguns eventos – na qual os usuários fazem comentários enquanto assistem a um programa de TV, por exemplo -, o Twitter está tentando unir essas atividades, virando a primeira e a segunda tela. Na última temporada, a rede social começou a exibir, por exemplo, jogos de basquete e futebol americano.

“Era algo que a nossa audiência queria há bastante tempo”, disse a executiva. “E é isso que estamos fazendo: tentando acompanhar o que dizem os nossos usuários para definirmos as estratégias. Afinal, foram eles que inventaram a hashtag e o símbolo de arroba, que hoje são usadas em toda a internet.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Fernando Scheller, enviado especial)

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