Coluna do Einar Rivero

Após sete anos, Itaú Unibanco volta a liderar lucratividade na B3

06 mar 2025, 8:53 - atualizado em 06 mar 2025, 8:53
Itaú
A retomada do Itaú Unibanco ao topo do ranking de lucratividade indica uma possível mudança de tendências para os próximos anos. (Imagem: iStock/Joa_Souza)

O Itaú Unibanco (ITUB4) encerrou 2024 com um lucro líquido de R$ 40,2 bilhões, retomando a posição de empresa mais lucrativa da B3.

Trata-se do maior resultado já registrado por um banco brasileiro, consolidando a força do setor bancário no mercado nacional. A última vez que uma instituição financeira ocupou essa liderança foi em 2017, quando o próprio Itaú Unibanco registrou lucro de R$ 23,9 bilhões.

Nos sete anos seguintes, a Petrobras (PETR3;PETR4) e a Vale (VALE3) dominaram o topo da lista, refletindo a relevância dos setores de petróleo e mineração na economia brasileira. A Petrobras liderou em quatro ocasiões (2018, 2019, 2022 e 2023), enquanto a Vale assumiu o posto em duas oportunidades (2020 e 2021). O destaque absoluto nesse período foi a estatal petrolífera, que, em 2022, atingiu um lucro recorde de R$ 188,3 bilhões, o maior já registrado por uma empresa brasileira listada em bolsa.

A trajetória de lucratividade das maiores companhias da B3 reflete a dinâmica econômica dos últimos anos. Entre 2017 e 2024, o Itaú Unibanco esteve entre as três primeiras posições em seis oportunidades, sendo vice-líder em três ocasiões e figurando entre as cinco mais lucrativas em outras duas. Já a Vale manteve uma presença constante entre as líderes, ficando no pódio seis vezes, sendo quatro como vice-líder e duas como primeira colocada.

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(Fonte: Elos Ayta/Einar Rivero)

A força do setor bancário na B3

Os bancos brasileiros seguem sendo um pilar fundamental da bolsa de valores. Nos anos de 2017, 2019, 2020 e 2021, quatro das cinco empresas mais lucrativas eram instituições financeiras. Em 2023 e 2024, esse número caiu para três, enquanto em 2018 e 2022, apenas dois bancos figuraram entre as cinco primeiras posições.

Esse domínio do setor financeiro se justifica pelo modelo de negócios altamente resiliente dos bancos brasileiros, que operam com margens elevadas em um ambiente de juros historicamente altos. Além disso, a diversificação de receitas, a digitalização dos serviços e a ampliação da base de clientes têm contribuído para manter a lucratividade do setor em patamares elevados.

Petrobras e Vale: as gigantes dos setores estratégicos

Se os bancos sustentam a solidez do mercado financeiro, a Petrobras e a Vale representam a força da economia real. Ambas as empresas são protagonistas em seus setores e exercem grande influência sobre o Ibovespa. O histórico de lucratividade da Petrobras reflete o impacto dos preços do petróleo e das políticas de distribuição de dividendos, enquanto a Vale é altamente dependente das oscilações do minério de ferro e da demanda global, especialmente da China.

Em 2024, a Petrobras registrou um lucro de R$ 36,6 bilhões, garantindo a segunda posição no ranking. Já a Vale, que chegou a liderar o mercado em 2020 e 2021, ficou na quarta posição. A presença consistente dessas companhias entre as mais lucrativas reforça a relevância das commodities para a economia brasileira e para os investidores que buscam previsibilidade e retorno sobre capital.

Itaú: perspectivas e desafios

A retomada do Itaú Unibanco ao topo do ranking de lucratividade indica uma possível mudança de tendências para os próximos anos. A estabilidade macroeconômica, combinada com avanços no setor financeiro, pode impulsionar ainda mais os bancos. No entanto, a concorrência com fintechs e as incertezas sobre a política monetária são desafios que precisam ser monitorados.

Enquanto isso, Petrobras e Vale continuam sendo referências de lucratividade, mas enfrentam volatilidades externas significativas. Os preços do petróleo e do minério de ferro seguem como variáveis críticas para o desempenho futuro dessas gigantes.

O que fica claro é que a B3 continua sendo dominada por setores estratégicos para a economia brasileira. Seja no setor financeiro, de petróleo ou de mineração, as empresas que lideram a lucratividade são aquelas que conseguem equilibrar eficiência operacional, inovação e adaptação ao cenário global.

Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
einar.rivero@autor.moneytimes.com.br
Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.