Política

Após ser alvo de operação da PF, Witzel acusa Bolsonaro de tentar impor Estado fascista

26 maio 2020, 16:03 - atualizado em 26 maio 2020, 16:03
Wilson Witzel
Witzel partiu para o ataque contra o presidente, a quem atribui responsabilidade pela operação Placebo desta terça (Imagem: Facebook/Wilson Witzel)

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse nesta terça-feira que a operação da Polícia Federal que teve ele e a esposa como alvos é uma perseguição política e reflexo de um Estado fascista e ditatorial que o presidente Jair Bolsonaro tenta impor ao Brasil.

Witzel partiu para o ataque contra o presidente, a quem atribui responsabilidade pela operação Placebo desta terça. Para o governador, Bolsonaro está usando a PF para perseguir inimigos e adversários políticos.

“Continuarei de cabeça erguida e manterei minha rotina de trabalho para continuar salvando vidas e corrigindo erros que todos nós estamos passíveis de sofrer diante desse momento tão difícil que atravessa o Brasil”, disse Witzel em pronunciamento no Palácio Laranjeiras, local onde foi cumprido um dos 12 mandados de busca e apreensão realizados no Rio e em São Paulo pela PF no âmbito da operação que apura eventuais irregularidades na área de saúde fluminense.

Para o governador, o país está sendo governado “por um líder que, além de ignorar o perigo que estamos passando, inicia perseguições políticas àqueles que considera inimigos”.

“Continuarei… lutando contra esse fascismo que está se instalando em nosso país, contra essa nova ditadura”, disse. “Não permitirei que esse presidente… se torne mais um ditador da América latina.”

“Vou lutar e apresentar tudo que for necessário para esclarecer e acabar com esse circo em relação ao Estado do Rio… tenho certeza que a Justiça vai ser feita no momento oportuno“, acrescentou.

A operação Placebo, deflagrada na manhã desta terça, realizou buscas na residência oficial do governador, o Palácio Laranjeiras, e no bairro do Grajaú, onde Witzel tem residência pessoal, em busca de documentos sobre superfaturamento de compras emergenciais pelo governo do Estado para o combate ao novo coronavírus.

Segundo uma fonte com conhecimento das investigações, foram apreendidos na residência do casal Witzel três celulares e três notebooks.

Ele cobrou uma ação da PF para avançar na apuração contra o senador, que é investigado pelo Ministério Público estadual (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Flávio Bolsonaro

Em seu pronunciamento, Witzel também disparou contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente e ex-deputado estadual, ao afirmar que o parlamentar deveria estar preso por conta do suposto envolvimento com as rachadinhas –apropriação de parte dos salários de assessores– na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Ele cobrou uma ação da PF para avançar na apuração contra o senador, que é investigado pelo Ministério Público estadual.

“O que se vê na família do presidente Bolsonaro, a PF engaveta inquéritos, vaza informações. O senador Flávio Bolsonaro com todas as provas que já temos contra ele, e já estão aí, com dinheiro em espécie na conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, já deveria estar preso”, disse Witzel.

“Esse sim (Flávio Bolsonaro) a Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no Estado do Rio, porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele e ele só tem alternativa de me perseguir politicamente”, finalizou.

Em um vídeo publicado em uma rede social, Flávio Bolsonaro disse que Witzel comete uma “atrocidade” ao, segundo ele, tentar envolvê-lo no caso em que está sendo investigado. De acordo com o senador, o governador fluminense busca criar uma “cortina de fumaça”.

Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu imediatamente a pedidos de comentários sobre as declarações de Witzel.