Agricultura

Após seca no plantio, lavouras de soja se recuperam

07 jan 2021, 17:09 - atualizado em 07 jan 2021, 17:09
Soja
Se a estiagem não reaparecer nos próximos meses, o mercado global de oleaginosas receberá um impulso bem-vindo (Imagem: REUTERS/Enrique Marcarian)

Embora a perspectiva para a soja argentina continue sombria, o cenário tem melhorado para o Brasil, onde as chances de uma colheita recorde estão aumentando.

No maior exportador mundial de soja, o clima melhorou o suficiente para impulsionar o desenvolvimento das lavouras depois que a seca atrapalhou o plantio, de acordo com produtores e associações de agricultores. Se a estiagem não reaparecer nos próximos meses, o mercado global de oleaginosas receberá um impulso bem-vindo, depois que as perspectivas de oferta restrita ajudaram a levar os futuros da soja para perto das máximas de seis anos.

“As lavouras se recuperaram depois de problemas de plantio, mas ainda precisamos das chuvas em janeiro para consolidar uma boa safra”, disse Fernando Cadore, presidente da Aprosoja em Mato Grosso, o maior estado produtor do Brasil. Poucos agricultores começaram a colher esta semana e quase todos os que o fizeram têm campos irrigados. Atrasos no plantio resultarão em uma colheita mais tardia, com a maioria dos produtores começando a colher em fevereiro, disse ele.

No Paraná, o segundo maior estado de cultivo do Brasil, a regularidade das chuvas trouxe a umidade do solo de volta aos níveis normais, de acordo com Flavio Turra, gerente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná). Atualmente, a floração e a formação dos grãos estão apresentando um bom desempenho, embora o estado já tenha perdido cerca de 5% do seu potencial produtivo devido à seca inicial, afirmou.

A soja tem bom desempenho no Rio Grande do Sul, principalmente as plantadas recentemente (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A soja também tem bom desempenho no Rio Grande do Sul, principalmente as plantadas recentemente, segundo Rogerio Mazzardo, gerente da agência estadual de agricultura Emater. Mas fazendas na metade sul do Estado, mais perto da fronteira com a Argentina, ainda enfrentam chuvas irregulares, disse. O estado costuma ser mais impactado pelo fenômeno La Niña, o que pode tornar a região mais seca.

De fato, o Rio Grande do Sul pode esperar um clima mais seco do que o normal até fevereiro, enquanto o Paraná deve ter chuvas perto da normalidade, de acordo com Donald Keeney, meteorologista agrícola sênior da Maxar em Gaithersburg, Maryland. Já o centro e norte de Mato Grosso podem enfrentar períodos secos, enquanto o restante do Estado não deve ter problemas, disse ele.

Os agricultores continuam otimistas.

“Podemos ter uma colheita em linha com as expectativas iniciais se as condições climáticas cooperarem até março”, disse Mazzardo. O Rio Grande do Sul pode colher 19 milhões de toneladas, um aumento de 70% em relação ao ano passado, quando o estado foi atingido por uma forte seca.

Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul respondem por 57% da área plantada do Brasil nesta safra, segundo a Conab, que vê a produção total do Brasil em 134,5 milhões de toneladas, um aumento de 7,8% em relação à temporada passada.

A Conab divulgará os números atualizados em 13 de janeiro.

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