Após saques, varejista chilena SMU tenta dar volta por cima

06 nov 2019, 16:28 - atualizado em 06 nov 2019, 16:28
À medida que a noite progredia e os ataques se intensificavam, não havia nada que ele pudesse fazer além de monitorar a situação com outros executivos (Imagem: Youtube SMU)

Quando Marcelo Gálvez estava prestes a fazer sua principal refeição na noite de 18 de outubro, seu celular começou a receber uma enxurrada de mensagens. Manifestantes estavam saqueando suas lojas espalhadas por Santiago.

Foi o primeiro dia de uma onda de protestos e confrontos que abalaram completamente o Chile e, como o resto do país, Gálvez, gerente-geral da rede varejista SMU, foi pego de surpresa.

À medida que a noite progredia e os ataques se intensificavam, não havia nada que ele pudesse fazer além de monitorar a situação com outros executivos. No início do dia seguinte, Gálvez visitou um supermercado SMU saqueado em Santiago, enquanto funcionários tentavam limpar e reabrir a unidade. Uma tarefa ingrata.

O supermercado “foi saqueado na sexta-feira, reabrimos no sábado, foi saqueado mais uma vez naquela noite, novamente no domingo e depois incendiado”, disse Gálvez em seu escritório em Santiago.

O país inteiro tenta se recuperar dos protestos, principalmente o varejo. Estima-se que as vendas na capital chilena, Santiago, tenham caído 20% em outubro, segundo a Câmara Nacional de Comércio, Serviços e Turismo do Chile. Mais de 25% dos supermercados do país foram saqueados. No caso da SMU, 148 de suas 510 lojas foram saqueadas e 14 queimadas.

Depois de um trabalho frenético, a SMU agora opera 90% de seus supermercados Unimarc e lojas de conveniência OK Market, entre outros formatos, disse Gálvez. A empresa planeja atingir 97% em 15 de dezembro, para estar pronta para as vendas natalinas.

“Restam apenas as instalações que foram incendiadas para reparo”, afirmou Gálvez. O executivo não quis especificar o valor dos danos, mas disse que existem contratos de seguro que cobrirão o prejuízo.

O fato de vários formatos de lojas da SMU não venderem itens caros, como televisores ou celulares, as tornou menos atraentes para saqueadores do que muitas lojas de alguns de seus concorrentes, disse Gálvez.

Duas semanas e meia de protestos custaram ao Chile entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões, disse o ministro da Fazenda, Ignacio Briones, na terça-feira. Como resultado, o governo reduziu sua projeção de crescimento para o ano para 2%, em comparação com a estimativa de setembro de 2,6%.

Gálvez agora aposta em uma forte recuperação da SMU sob a premissa de que as pessoas precisam comprar produtos de consumo básicos, independentemente das condições econômicas. Gálvez pretendia enviar ao conselho de administração da SMU os planos de investimento para o período 2020-2022, mas teve que adiá-lo para este mês devido à agitação.

“Não estou mudando nenhum ponto desse plano”, afirmou Gálvez. “Nem uma única palavra.”

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