Michel Temer

Após reunião, líder do governo diz que base não aceita fatiamento de denúncia

28 jun 2017, 23:19 - atualizado em 05 nov 2017, 14:00

Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil

O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), defendeu que a denúncia de corrupção passiva oferecida contra o presidente Michel Temer pela Procuradoria-Geral da República seja analisada com as próximas denúncias, caso elas venham a ser apresentadas. Após participar, no Palácio do Planalto, de uma reunião com Temer e outros líderes da base aliada na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro afirmou haver “coesão” para que o governo “retome sua pauta”.

De acordo com o líder, os aliados do Planalto avaliaram que o fatiamento das denúncias de um mesmo inquérito “não é praxe”. “Entendemos que, o que está contido em um inquérito, deveria estar contido em uma denúncia. O que ficou definido [na reunião] é que a base não vai se submeter à estratégia política de se ter três, quatro, cinco denúncias sendo votadas pela Casa. A ideia é que se vote as denúncias da forma legal, apensando-se aquilo que veio dos inquéritos originários, que é o que tem que ser feito”, disse.

A denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), deve chegar à Câmara nos próximos dias. Há a expectativa, no entanto, de que Janot envie mais denúncias contra Temer relacionadas a outros crimes mencionados no pedido de abertura de inquérito feito há algumas semanas, como obstrução de justiça e corrupção ativa.

As lideranças de bancadas da base governista acreditam que o fatiamento é uma forma de “politizar” as acusações contra o presidente. Elas não descartam, portanto, saídas regimentais na Comissão de Constituição e Justiça, primeiro caminho da denúncia na Câmara, para derrubar de uma vez só as acusações contra Temer. O deputado disse ter “plena confiança” de que Pacheco escolherá o relator do caso com “responsabilidade” e que “não se submeta a nenhum tipo de pressão”.

A unanimidade da bancada governista só é quebrada pelo presidente da Comissão de Justiça da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que defendeu a tramitação separada de eventuais novas denúncias.

Acelerar ou esperar

O líder Aguinaldo Ribeiro admite, porém, que ainda não há consenso na base se o melhor caminho é acelerar a tramitação, como defendem os advogados de Temer, ou esperar os próximos passos do PGR. Sobre as votações, ele afirmou que a Câmara “não irá parar” e defendeu que as “matérias de interesse do país” sejam votadas. Após citar as medidas provisórias que precisam ser apreciadas pelos deputados e a votação da reforma trabalhista no Senado, Aguinaldo Ribeiro disse que as mudanças na Previdência serão pautadas em outra “oportunidade”.

“É evidente que, neste momento, nós não vamos oferecer uma data para a [votação da Reforma da] Previdência. Não é o caso neste instante […] a compreensão de todos os líderes da base é que não se pode paralisar a Nação em função de um processo que está sendo construído no país para se tentar atingir não só o presidente da República, mas também o Brasil”, afirmou.

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