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Após renegociar tributos, JBS lucra R$ 323 milhões

14 nov 2017, 7:54 - atualizado em 14 nov 2017, 7:54

Imersa em profunda crise de reputação e com seus principais acionistas presos, a JBS reportou nesta segunda-feira, 13, ao mercado o que afirma ser o melhor resultado de sua história. Nessa conta, considera o lucro líquido recorde de R$ 1,9 bilhão, valor que teria obtido no terceiro trimestre caso não tivesse aderido ao Programa Especial de Regularização Tributária (Pert). Com os gastos do programa, o resultado caiu para R$ 323 milhões, retração de 64% sobre os R$ 887 milhões de igual período de 2016.

O desempenho operacional foi decisivo para atenuar o que vinha sendo o principal ponto de preocupação dos investidores ao olhar os números da JBS: o alto endividamento. A empresa, que em julho precisou renegociar com bancos mais de R$ 20 bilhões sob risco de não conseguir honrar compromissos, anunciou corte de R$ 4,8 bilhões na dívida líquida. Mais da metade veio do dinheiro gerado na operação. A venda de ativos, como a operação em países do Mercosul, também ajudou.

Com isso, a JBS conseguiu reduzir o endividamento para 3,4 vezes sua capacidade de geração de caixa (Ebtida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A meta é levar para abaixo de 3 vezes o Ebtida. Mas agora a JBS já ostenta patamar de endividamento mais confortável do que o dos rivais brasileiros e em linha com os estrangeiros, diz a JBS.

“No meio de todo barulho que o grupo passou, tivemos o melhor resultado da história”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor de operações, Gilberto Tomazoni.

A expectativa da JBS é que não seja necessária nova renegociação da dívida e que a relação com os bancos volte ao normal no primeiro semestre de 2018.

O resultado foi reflexo da forte alta nas vendas do exterior, em especial da divisão americana. No Brasil, que responde por 12% do negócio, os números vieram abaixo do esperado. A receita da Seara ficou estável, mas as da operação de carne murcharam diante da queda de 31% nas vendas ao mercado interno. A principal razão, segundo a JBS, foi a necessidade de corte dos abates em 17% no trimestre.

Os números não foram acompanhados do relatório do auditor independente, que aguarda a apuração dos fatos relacionados ao acordo de leniência da J&F, afirmou a companhia.

Sob nova direção

A expectativa da JBS é manter o nível de geração de caixa nos próximos trimestres. “As perspectivas seguem positivas. Os mercados americano e canadense serão beneficiados pelo aumento de renda e queda do desemprego. Na Austrália, há perspectivas melhores após a seca que atingiu o país”, disse André Nogueira, presidente da JBS nos EUA. “No Brasil, temos capacidade ociosa e podemos crescer ainda mais”, afirmou Tomazoni.

O alto escalão da JBS tentou diminuir o impacto da saída de Wesley Batista do comando. Preso desde o dia 13 de setembro, ele foi substituído por seu pai e fundador da JBS, José Batista Sobrinho. “Uma empresa desse tamanho não pode ficar num único nome”, afirmou Nogueira. “Cada camarada que roda uma operação da JBS age como dono. É esse o motivo de estarmos apresentando, mesmo com a saída do Wesley, um resultado recorde.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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