Economia

Após relatório trimestral de inflação do BC, XP vê Selic fechando 2020 em 4,25%

19 dez 2019, 14:41 - atualizado em 19 dez 2019, 14:41
Fachada do Banco Central
Os analistas apontam que o documento do BC mostra previsões de inflação benignas para 2020 e 2021 (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A XP Investimentos avalia que o relatório trimestral de inflação divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira apresentou um tom mais dovish do que o texto da decisão do Copom e também do da ata da reunião do Comitê de Política Monetário, da última terça-feira. Assim, o entendimento da corretora é que o BC irá realizar um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de fevereiro, mantendo a Selic em 4,25% durante 2020.

Em relatório, os analistas apontam que o documento do BC mostra previsões de inflação benignas para 2020 e 2021, de acordo com o comunicado e as atas. Em outras palavras, os últimos choques inflacionários foram compensados ​​pela recente valorização do real.

Já as previsões para 2022 para diferentes taxas e cenários de câmbio (não incluídos no comunicado e na ata), por sua vez, são inferiores às estimativas do relatório de inflação do 3T19.

Com isso, a equipe entende que 2022 não está dentro do horizonte relevante para a política monetária, com o documento mostrando a visão de pressões moderadas da inflação nos próximos anos.

A XP entende que “caixas de estudos” trouxeram duas grandes notícias que poderiam influenciar a visão dos analistas de mercado em relação à orientação da política monetária: o impacto da revisão da cesta de consumidores na inflação do IPCA e um proxy para taxa de juros neutra calculada na pesquisa FOCUS.

No primeiro caso, a estimativa do BC sugere que a inflação do IPCA seria de 10,75% (acumulada a partir de 2017) na nova estrutura, ligeiramente abaixo da marca atual de 11,02% na estrutura atual. Em termos anualizados, a diferença é de -0,09 pb. (3,46% vs 3,55%).

Em 2017, teria aumentado a taxa da inflação, enquanto em 2018 e 2019 teria diminuído. Além disso, as estimativas do BC mostram que essa mudança terá um impacto negativo de -0,30% na inflação global. Desta forma, os analistas consideram isso como um viés dovish.

Banco Central
No primeiro caso, a estimativa do BC sugere que a inflação do IPCA seria de 10,75% acumulada a partir de 2017 na nova estrutura (Imagem: Flickr Banco Central)

Já no segundo ponto, o documento mostrou que as taxas reais neutras são de cerca de 3% usando estimativas de taxa de juros e inflação de longo prazo da pesquisa de analistas de mercado Focus. O limite inferior da estimativa parece ser de aproximadamente 2%.

Atualmente, a taxa de juros real ex ante é de cerca de 0,73% (swap pré DI 360 e inflação esperada 12 meses à frente), portanto é expansionista. Assim, a equipe destaca que essa não é uma informação nova, mas a estimativa será debatida por analistas de mercado. Nenhum viés claro aqui.

Em suma, o documento não altera nossa visão de que a inflação esperada (e observada) benigna e a recuperação econômica gradual permitirão ao Banco Central realizar um corte final de 25 pb em fevereiro próximo e a taxa Selic permanecerá inalterada em 4,25% até o final de 2020.

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