Após Nubank, NYSE prevê vários IPOs de empresas da América Latina em 2022
A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) prevê receber várias outras listagens de empresas da América Latina no primeiro semestre de 2022, incentivadas pela oferta inicial de ações (IPO) do Nubank, nesta quinta-feira.
“Estamos conversando com fintechs e empresas de consumo e de saúde”, disse à Reuters o chefe de mercado internacionais da NYSE, o brasileiro Alex Ibrahim. “Estamos em busca das empresas que estão mudando o mundo.”
As declarações ocorrem no momento em que o mercado acionário dos Estados Unidos tem dado sinais de vigor prolongado, na esteira de juros do país perto do zero, enquanto no Brasil a combinação de escalada da Selic e instabilidade política levaram cerca de 70 empresas a abortarem seus planos de estreia na B3.
Em 2021 até agora, o índice S&P 500 acumula alta de cerca de 25%. No mesmo período, o Ibovespa teve queda superior a 13%.
Neste cenário, empresas latino-americanas de rápido crescimento e que já visualizavam um horizonte de listagem em bolsa desde que surgiram têm visto em mercados mais robustos, como os de Nova York, a chance de alcançarem um espectro maior de investidores.
É um sonho para um grupo relativamente limitado de empresas, dado que a NYSE só aceita listar empresas com valor de mercado mínimo de 200 milhões de dólares e oferta mínima de 40 milhões, além de “uma governança mais bem arrumada”, disse o executivo.
Mas para a NYSE, isso tem sido uma oportunidade de acelerar contatos com mais empresas estrangeiras, cuja multiplicação de ofertas de ações a levaram neste ano a um recorde de 120 bilhões de dólares em ofertas públicas, incluindo os cerca de 2,6 bilhões de dólares captados pelo Nubank.
Antes do banco digital, a plataforma brasileira de comércio eletrônico VTEX estreou lá com oferta de 360 milhões de dólares.
Em novembro foi a vez da empresa de tecnologia CI&T, de Campinas (SP), levantar 195 milhões em seu IPO naquele mercado.
E o foco nos chamados unicórnios – jargão do mercado para designar startups com valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares — tem ajudado a NYSE a enfrentar sua principal rival Nasdaq, outrora dominante na listagem de empresas de tecnologia.
Segundo Ibrahim, cerca de 72% das listagens de companhias com esse perfil em bolsas dos Estados Unidos nos últimos 5 anos aconteceram na NYSE, incluindo o da PagSeguro (PAGS).
O executivo não revela nomes de empresas brasileiras que estão em negociação para possível listagem na NYSE. Mas já são correntes no mercado planos de companhias como Hotmart, Creditas e a bandeira de cartões Elo.
O movimento acontece no momento em que uma arrastada disputa comercial entre Estados Unidos e China levou a gigante de transporte por aplicativos Didi Chuxing a desistir de ter ações negociadas em Wall Street, decisão que pode ser seguida por várias outras companhias do país asiático.