Após negociações comerciais com os EUA, China avança em compras de soja do Brasil
Os importadores chineses estão ocupados realizando novas compras de soja do Brasil nesta semana, apesar do anúncio da Casa Branca de que a China concordou em comprar até 50 bilhões de dólares em produtos agrícolas dos Estados Unidos anualmente durante as negociações comerciais ocorridas na semana passada.
Dois operadores disseram que a China encomendou pelo menos oito carregamentos, ou 480 mil toneladas, com valor de 173 milhões de dólares, de soja brasileira desde segunda-feira.
Embora o Brasil seja o maior fornecedor de soja para a China, grandes compras do produto brasileiro são incomuns nesta época do ano.
A falta de compras dos EUA até aqui nesta semana mostra que a China não tem pressa para adquirir produtos norte-americanos após a fase 1 do acordo comercial, anunciada na semana passada e que o presidente dos EUA, Donald Trump, espera que seja assinada no próximo mês.
Trump disse no Twitter no domingo que a China já começou a fazer compras agrícolas nos EUA. No entanto, três exportadores de soja norte-americana disseram que não houve vendas dos EUA para a China desde as negociações da semana passada em Washington, e que nenhuma compra chinesa foi confirmada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês).
“Eu não tive nenhuma sondagem sobre (embarques dos) EUA”, disse um dos exportadores. “Havia alguns barcos para novembro comprados no Brasil e vários outros da nova safra sul-americana, mas nada aqui.”
Outro exportador dos EUA disse que uma queda no valor da soja brasileira gerou nova demanda de compradores que por mais de um ano foram incapazes de importar lucrativamente o produto norte-americano, a não ser que contassem com isenções tarifárias.
As empresas estatais Cofco e Sinograin, que estão isentas das taxas retaliatórias de 25% sobre as importações dos EUA, têm “pouco apetite” para comprar, a menos que os preços nos EUA caiam ainda mais, disse um segundo exportador norte-americano.
Antes da guerra comercial, a China importava a maior parte de sua soja nos EUA entre outubro e janeiro e voltava-se para a América do Sul por volta de fevereiro.
Os preços da soja dos EUA carregada para a China nos terminais da Costa do Golfo, para novembro e dezembro, neste momento estão perto da paridade com os preços brasileiros.
Mas quando os valores da soja dos dois principais fornecedores são semelhantes, os importadores chineses tendem a favorecer o grão brasileiro devido ao seu maior teor médio de proteínas.
A importadora chinesa Hopefull Grain & Oil comprou 10 carregamentos de soja brasileira na semana passada, antes das negociações entre EUA e China, e pelo menos outras três cargas nesta semana, disseram duas fontes comerciais.
A Wilmar também esteve entre as compradoras, com cerca de cinco a seis carregamentos adquiridos do Brasil nesta semana, de acordo com um exportador dos EUA e dois traders, um deles com base em Pequim e um trabalhando em uma trading chinesa.
Hopefull e Wilmar se recusaram a comentar.
Acredita-se que nas recentes ondas de aquisições, as empresas tenham usado suas isenções para compras dos EUA sem tarifas, disseram um exportador e um importador chinês.
O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, reconheceu na quinta-feira que o “compromisso sério” da China para comprar até 50 bilhões de dólares em produtos agrícolas dependeria em parte de empresas e condições de mercado.