Política

Após indicados, diretores do BC prestam contas ao banco e ao CMN, não ao presidente, diz Haddad

17 maio 2023, 12:15 - atualizado em 17 maio 2023, 12:15
Banco Central, Fernando Haddad, Juros
Na audiência desta quarta, Haddad afirmou ainda que a discussão em torno dos juros não é um questionamento à autoridade do BC (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que é natural que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça indicações ao Banco Central de acordo com o que considera melhor para o país, mas ressaltou que, após serem nomeados, os diretores prestam contas ao próprio BC e ao Conselho Monetário Nacional, e não ao presidente.

Em audiência conjunta de comissões na Câmara dos Deputados, Haddad afirmou, ainda, que a discussão sobre a queda da taxa de juros está feita no mundo todo e é normal em democracias, e não deveria ser encarada como uma “ofensa”.

“O diretor, uma vez nomeado, vai gozar da autonomia da lei; não vai prestar contas para o presidente da República, vai prestar contas para o Conselho Monetário Nacional, de quem ele recebe uma meta (de inflação) para cumprir”, disse Haddad.

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No início de maio, Haddad anunciou que Gabriel Galípolo foi indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, decisão que foi criticada por alguns participantes do mercado financeiro por supostamente possibilitar intervenção do governo na autarquia, uma vez que o nomeado é secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Ailton de Aquino Santos, servidor de carreira do BC, foi indicado para a diretoria de Fiscalização do órgão. Ambos os nomes anunciados por Haddad já foram encaminhados ao Senado para apreciação.

Na audiência desta quarta, Haddad afirmou ainda que a discussão em torno dos juros não é um questionamento à autoridade do BC.

“Não estou questionando a autoridade monetária do ponto de vista de seu poder de definir a taxa básica de juros, eu estou ponderando sobre o que é melhor para o Brasil”, disse ele após voltar a afirmar que o esforço do governo para melhorar a situação das contas públicas justifica cortes da Selic ante o atual patamar de 13,75%.

“O que aconteceu das eleições para cá? Nós começamos a corrigir toda aquela confusão fiscal que foi estabelecida no processo eleitoral… Portanto, abre esse espaço para redução da taxa de juro, essa que é a verdade”, disse o ministro.