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Após Brumadinho, padrões globais de mineração visam aumentar responsabilidades

11 set 2019, 18:54 - atualizado em 11 set 2019, 18:54
Mineração
Embora a causa do desastre de Brumadinho ainda esteja sob avaliação, alguns especialistas sugeriram que falhas na governança da mineradora estariam, em parte, por trás do problema (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

Um painel da indústria global de mineração, encarregado de elaborar novos padrões de segurança após o desastre em uma barragem de rejeitos da Vale (VALE3) em janeiro, incluirá regras para melhor definir a responsabilidade administrativa, disse um líder do setor nesta quarta-feira.

O padrão de governança também ajudará a garantir análises independentes das barragens e a divulgação adequada dos riscos de segurança, afirmou Tom Butler, presidente do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, na sigla em inglês), grupo industrial que está estabelecendo os padrões.

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que matou cerca de 250 pessoas, gerou um movimento para que se estabeleça regras globais para construção e inspeção de tais instalações, que contêm rejeitos enlameados da obtenção de minério de ferro, ouro, cobre e outro minerais.

O colapso ocorreu menos de quatro anos após o semelhante desastre de Mariana (MG), ocorrido na barragem de uma joint venture de Vale e BHP, empresas que fazem parte do ICMM juntamente com Barrick, Anglo American, Freeport McMoran e outras.

Embora a causa do desastre de Brumadinho ainda esteja sob avaliação, alguns especialistas sugeriram que falhas na governança da mineradora estariam, em parte, por trás do problema. O diretor financeiro da empresa disse em fevereiro que executivos de alto escalão nunca haviam recebido documentos de segurança interna indicando que a barragem possuía risco de colapso.

O ICMM representa cerca de um terço da indústria de mineração, mas Butler disse que os padrões, que estão sendo elaborados por um painel com oito especialistas em rejeitos, saúde, riscos e direito, podem influenciar o setor de forma mais ampla.

“Esperamos que haja uma escala suficiente para encorajar outros a assumi-los”, disse ele em uma sessão lotada sobre gerenciamento de barragens de rejeitos em uma conferência de mineração em Belo Horizonte, cerca de 30 km distante do local do desastre.

Um projeto dos padrões, que tratará também dos planejamentos iniciais para locais de barragens, como preparações e planos de recuperação para casos de emergências, “está quase pronto” e deve ser concluído entre o final de setembro e o início de outubro, disse Butler.

Em seguida, haverá um período de consulta pública, com os novos padrões devendo ser finalizados e divulgados no primeiro semestre de 2020, acrescentou.