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Após BP, cresce pressão sobre Exxon e Chevron para zerar carbono

13 fev 2020, 17:11 - atualizado em 13 fev 2020, 17:11
Exxon
Para a Exxon, essas emissões são o “resultado de escolhas que os consumidores fazem” (Imagem: Wikimedia Commons)

A promessa da BP de zerar todas suas emissões de carbono até 2050 aprofunda a divisão entre as maiores petroleiras europeias e norte-americanas sobre a mudança climática, aumentando a pressão sobre Exxon Mobil e Chevron para fazerem mais pelo meio ambiente.

As grandes petroleiras dos EUA se comprometeram apenas em reduzir os gases de efeito estufa de suas próprias operações, que normalmente representam apenas 10% da poluição por combustíveis fósseis.

Na quarta-feira, a BP seguiu a Royal Dutch Shell e a Equinor comprometendo-se a compensar as emissões dos combustíveis que vendem aos clientes, que representam cerca de 90% do total.

“Se virmos capital fluindo para a BP, isso pode forçar grandes empresas norte-americanas a repensarem a velocidade com que avançam nas metas de redução de carbono”, disse Noah Barrett, analista de energia de Janus Henderson, com sede em Denver e que administra US$ 356 bilhões em ativos.

Ainda assim, ele não vê “a Chevron ou a Exxon adotando uma estratégia semelhante à da BP em um futuro próximo”, pois “historicamente têm sido menos agressivas ao se afastarem do petróleo e gás tradicionais”.

As preocupações em torno do aquecimento global reformulam cada vez mais as políticas de investimento. A BlackRock e a State Street se tornaram as mais recentes investidoras de alto nível a exigirem que empresas melhorem as métricas ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês.

Exxon e Chevron, a primeira e a terceira no ranking de produção de petróleo do Ocidente, dizem que não depende delas compensar as emissões de carros, fábricas e outros poluidores conhecidos no setor como Escopo 3.

Para a Exxon, essas emissões são o “resultado de escolhas que os consumidores fazem”. Já a Chevron diz que “são necessárias políticas bem projetadas e mecanismos de precificação do carbono”.

Mas o anúncio da BP “pode ser um ponto de inflexão real, onde a norma é se tornar responsável” pelas emissões dos clientes, disse Kathy Mulvey, diretora de campanha da Union of Concerned Scientists.

Donald Trump China Bandeiras
As duas empresas até fizeram lobby contra o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de reverter os padrões de emissões da era Obama (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque
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A Exxon e a Chevron concordam com os objetivos do Acordo de Paris, apoiam um imposto de carbono e estão comprometidas com a limpeza de emissões de sua vasta rede de poços, refinarias e oleodutos.

Elas se juntaram à Iniciativa Climática de Petróleo e Gás depois de suas rivais europeias, mas ainda são membros oficiais.

As duas empresas até fizeram lobby contra o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de reverter os padrões de emissões da era Obama.

A diferença fundamental com as rivais europeias, no entanto, é que nenhuma delas reduz o comprometimento com seus negócios de petróleo e gás seguindo outras concorrentes em investimentos em fontes renováveis de margens mais baixas, como eólica e solar.

Quando perguntado sobre potencialmente seguir a Shell no setor de energia, o CEO da Chevron, Mike Wirth, foi claro em uma entrevista à Bloomberg News no ano passado.

“Não vemos capacidades diferenciadoras que diriam ‘uau, podemos fazer isso melhor’”, disse, acrescentando que as alternativas oferecem “menor retorno do que as outras coisas em que poderíamos investir dinheiro”.

A Chevron está investindo em tecnologias em estágio inicial que podem ajudar a capturar carbono e armazenar energia, mas isso é uma pequena fração de seu orçamento.

A empresa ajuda clientes a limpar seu uso de energia, fornecendo gás para geração de energia mais limpa do que o carvão, desenvolvendo biocombustíveis e adicionando fontes de energia renovável como eólica e geotérmica, informou a empresa em comunicado.

O CEO da Exxon, Darren Woods, diz que a verdadeira resposta às mudanças climáticas virá através de tecnologias que ainda não foram inventadas.

A empresa afirmou em comunicado que investiu mais de US$ 10 bilhões nos últimos 20 anos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de baixas emissões.

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