Política

Após ameaças de Bolsonaro, Lira diz que Constituição jamais será rasgada

08 set 2021, 14:04 - atualizado em 08 set 2021, 14:51
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Em pronunciamento, Lira mandou um recado para Bolsonaro ao dizer que não vai admitir questionamentos a questões superadas, como o caso do voto impresso (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a Constituição brasileira jamais será rasgada e, ao fazer um apelo pela superação dos radicalismos, destacou que o único compromisso inquestionável que os brasileiros têm é com o voto nas urnas eletrônicas em outubro de 2022.

“Vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada”, disse Lira em pronunciamento, um dia após ameaças do presidente Jair Bolsonaro em atos no 7 de Setembro tendo como alvo principal ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022 com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo exerce sua soberania”, emendou.

Lira mandou um recado para Bolsonaro ao dizer que não vai admitir questionamentos a assuntos superados, como o caso do voto impresso. A proposta, cara ao presidente, foi derrotada pelo plenário da Câmara, mas o chefe do Executivo insiste nela, como fez na véspera durante manifestação na Avenida Paulista.

Sem falar em encaminhamento de pedidos de impeachment de Bolsonaro, como tem sido aventado por alguns partidos após as falas de chefe do Executivo na véspera, Lira disse que cada um dos Poderes tem as suas delimitações e deve se limitar a seu raio de ação.

Lira disse que a Câmara atuará como uma ponte de pacificação entre o STF e o governo, destacando que na discórdia todos perdem.

“A Câmara está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o preço do gás, por exemplo”, disse.

“Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais a perder”, reforçou ele, destacando que a Casa estende a mão aos demais Poderes para que se voltem para o trabalho, encerrando desentendimentos.

Lira disse que a Câmara atuará como uma ponte de pacificação entre o STF e o governo, destacando que na discórdia todos perdem (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Sem mencionar nominalmente Bolsonaro, Lira afirmou que conversará com todos os Poderes e disse que é a hora de dar um basta a uma escalada “em um infinito looping negativo”.

O presidente da Câmara disse que bravatas em redes sociais e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do brasileiro.

“O Brasil que vê a gasolina chegar a 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos”, ressaltou.

Apesar de parte dos manifestantes ter defendido pautas antidemocráticas e das ameaças feitas por Bolsonaro a ministros do STF em atos na véspera, como fechamento do Supremo, Lira enalteceu os brasileiros que foram às urnas de forma pacífica.

Lira foi eleito presidente da Câmara em fevereiro passado com o apoio de Bolsonaro, e não tem dado sinais de que levará adiante processos de impedimento contra o presidente.

(Atualizada às 14:51)