Apesar do receio com a crise ambiental, fruticultura não sente problemas com Europa até o momento
A principal janela de exportações de frutas brasileiras para a Europa recém foi iniciada e os exportadores não negam que houve certo receio de problemas de redução de compras e até boicotes na esteira do recrudescimento das críticas à política ambiental do governo Jair Bolsonaro. Por enquanto não há nenhuma informação direta recebida pelos produtores do Vale do São Francisco, embora a esmagadora maioria das vendas seja para o centro atacadista de Roterdã e não se tem detalhes dos destinos finais.
Da Valexport, que reúne a nata e o grosso dos empresários da fruticultura irrigada nos perímetros baiano de Juazeiro e pernambucano de Petrolina, houve contatos com compradores, antecipando qualquer ruído que pudesse vir dos europeus. “Mostramos que a fruticultura está segura quanto à sustentabilidade”, explica Tássio Lustoza, gerente executivo. Vale dizer, a fruta está longe do fogo que acende a Amazônia.
Um dos reforços na imagem da fruticultura é o início, em setembro, de um sistema compulsório para monitoramento da mosca das frutas, além do conhecimento que os pomares funcionam como um grande pulmão, retirando gás carbônico da atmosfera e expelindo oxigênio.
Naturalmente que os importadores reconhecem as condições produtivas em geral dada à longeva relação comercial, mas houve atenção, até porque há algumas semanas a rede sueca de supermercados Paradiset embargou compras de produtos brasileiros. E este caso foi em razão das críticas ao uso de agrotóxicos no Brasil.
“Não temos notícias de frutas nossas nessa rede, mas não podemos afirmar porque não temos os destinos das vendas feitas pelos distribuidores da Holanda”, afirma o executivo da Valexport.
Ele não acredita, contudo, que haverá alguma situação que possa levar a prejuízo ao setor, com alastramento, apesar de que possa haver pressão da opinião pública europeia independente de os governos não adotarem sanções. Não há sinais de possa barreiras no âmbito da União Europeia, por enquanto.
A demanda da Europa por frutas é grande e no segundo semestre é maior, com a saída sazonal do mercado de outros players, como Espanha, África do Sul, México e Equador. Daí que 80% das exportações da Valexport, dos demais produtores da região e de outros pólos – entre os quais o do melão potiguar e do papaya capixaba -, acontecem até o final do ano.
A expectativa é que os associados da Valexport exportem em torno de 210 mil toneladas em 2019 entre mangas e uvas, os dois principais itens, 10% superior a 2018. Destas, 160 mil só em mangas. A receita deverá ser 3% menor, alcançando cerca de US$ 260 milhões, já que a oferta aumentou. Porém, o fator cambial no Brasil pode anular o recuo nos preços pagos caso se mantenha acima dos R$ 4,00.
A área total é de 120 mil hectares, sendo a manga participante de 35 mil hectares e projeção para 750 mil toneladas, contra 18 mil hectares com uvas e aproximadamente 250 mil toneladas.