Bebidas

Apesar do clima, 2019 oferece “tempestade perfeita” para vinhos

07 out 2019, 16:36 - atualizado em 07 out 2019, 16:36
Vinho
A colheita noturna, quando faz frio, mantém a acidez das uvas, o que dá vigor aos vinhos brancos da vinícola (Imagem: Simon Dawson/Bloomberg)

Em 20 de setembro, colhedores da Kistler Vineyards, em Sonoma, se dirigiram aos vinhedos de chardonnay, às 2h da manhã, com lanternas para iluminar o caminho. A colheita noturna, quando faz frio, mantém a acidez das uvas, o que dá vigor aos vinhos brancos da vinícola. Às 9h da manhã, as uvas estavam na plataforma de esmagamento, já sendo transformadas em vinho.

Tinham um sabor delicioso. Mas, como em todas as regiões vinícolas durante a temporada estressante da colheita, as perguntas são: qual é o tamanho da colheita e qual a qualidade dos vinhos?

“Este ano tivemos sorte em Sonoma”, diz Jason Kesner, enólogo da Kistler, com um sorriso de alívio. “2019 é uma safra clássica do norte da Califórnia.”

Para acompanhar as últimas notícias sobre os vencedores e perdedores do mercado de vinho do hemisfério norte em 2019, fui a campo, pesquisei dados por telefone, twitter e e-mail. A Mãe Natureza não foi igualmente generosa em todas as grandes regiões este ano.

A França foi particularmente atingida. Ondas de calor recordes deixaram parisienses suados tentando se refrescar nas fontes da cidade, enquanto as altas temperaturas secaram as uvas nas vinhas e literalmente interromperam o processo de crescimento por um período.

Some a tudo isso geadas de primavera, granizo e incêndios florestais. Segundo o Ministério de Agricultura da França, a produção total do país deve cair em 12%.

Como muitos enólogos franceses me disseram: bem-vindo aos novos extremos da mudança climática. A boa notícia é que ganharam certa prática em anos como o de 2003 para saber como lidar com o aquecimento global. Apesar de tudo, a qualidade parece muito boa. Confira as conclusões de algumas das principais regiões:

Bordeaux

Reina o otimismo. Há uvas brancas e muitos châteaux começarão a colher o cabernet em breve. Apesar das ondas de calor do verão, o consenso geral é de alta qualidade e quantidade razoável.

Menos mofo é o aspecto positivo do calor e da seca. No ano passado, o produtor biodinâmico Château Palmer, que não usa sprays químicos preventivos, perdeu a maioria de suas uvas em Margaux devido a um surto virulento após uma primavera quente e úmida.

Não houve problemas este ano, segundo o presidente da empresa, Thomas Duroux: “Acabamos de colher merlot na semana passada, e os aromas são frescos e florais, com um equilíbrio excepcionalmente bom que me agrada muito”.

Toscana

Os “consorzi” regionais estão prevendo um bom ano, com queda de produtividade 10% e 15%. (Isso é apenas parcialmente devido ao clima; o chianti está reduzindo a produção porque suas vendas de vinhos caíram nos EUA e na Alemanha, seus dois maiores mercados.)

Muitas áreas sofreram mais uma primavera fria e chuvosa, que inundaram o solo e atrasaram o ciclo de crescimento em cerca de duas semanas.

Ainda assim, a qualidade parece ser boa na Toscana. Stefano Cinelli Colombini, da Fattoria dei Barbi, em Montalcino, diz que as chuvas no início de setembro foram o refresco final necessário para as uvas. “São ricas em sabor”, escreveu. “Esperamos Brunellos com alto teor alcoólico, vinhos poderosos que terão um potencial de envelhecimento extremo.”

Espanha

Por enquanto, a safra de 2019 ainda é uma incógnita na Espanha. O inverno foi ameno e muito seco, com mais chuvas de primavera do que o habitual e, apesar das altas temperaturas em outras partes da Europa, o verão não foi muito quente, diz Victor Urrutia, presidente da CVNE em Rioja, que também possui vinhedos em Ribera del Duero e Galícia.

Ele acredita que esta colheita será entre muito boa e excelente, mas, como em outras partes da Europa, com produtividade muito mais baixa do que o esperado.

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