Apesar de rali, 2020 será o pior ano para ações em quase uma década
Este ano será o pior para muitos mercados acionários globais em pelo menos uma década, embora a maioria dos agentes de mercado consultados pela Reuters diga que os principais índices não voltarão às mínimas atingidas em março, após o forte movimento de alta desde então.
Dados macroeconômicos apontam para uma profunda recessão global, com expectativas generalizadas entre economistas e gestores de fundos de uma recuperação lenta e prolongada, além dos alertas do Federal Reserve.
Mas os mercados acionários, inundados com dinheiro de bancos centrais, se recuperaram nos últimos dois meses com expectativas de uma retomada forte e vigorosa, mesmo quando a pandemia de coronavírus ainda está se espalhando, infectando mais de 5,7 milhões de pessoas em todo o mundo.
As pesquisas da Reuters, realizadas entre 12 e 27 de maio com mais de 250 analistas da Ásia, Europa e Américas mostraram previsões amplamente focadas em economias e empresas reabrindo rapidamente após as medidas de isolamento social, com previsão de que 11 dos 17 índices devem continuar subindo até o final do ano.
Quase 70% dos entrevistados, 76 dos 111, que responderam a uma pergunta adicional disseram que as mínimas de 2020 não seriam revisitadas.
Isso apesar dos vários riscos ainda em jogo, incluindo: uma possível segunda onda do vírus; incerteza sobre quando ou se os lucros das empresa se recuperarão totalmente; a intensificação da guerra-comercial entre EUA e China; e a próxima eleição presidencial norte-americana.
Ondas de estímulos
Subodh Kumar, estrategista de investimentos de sua própria consultoria, observou, como muitos outros, que as bolsas de valores estão sendo negociadas principalmente com uma onda sem precedentes de estímulos de bancos centrais e governos.
“Mas a fraqueza macroeconômica também é importante, pois após um grande choque nos empregos e uma possível segunda onda de Covid-19, os consumidores podem demorar a se recuperar globalmente. O Fed indicou uma recuperação muito lenta”, afirmou ele.
Em uma época em que a economia norte-americana sofreu as maiores perdas de empregos desde a Grande Depressão da década de 1930, o S&P 500 subiu mais de um terço desde a mínima de 23 de março.
No entanto, apesar dos estímulos monetários e fiscais sem precedentes, os 17 índices pesquisados – todos no vermelho até agora neste ano – estavam previstos para terminar 2020 abaixo dos níveis em que começaram o ano.
O desempenho previsto para este ano de 11 desses 17 índices seria, no mínimo, o pior em quase uma década. Para oito dos 11, será o pior desde a crise financeira de 2008.
Enquanto 2021 foi projetado para ser melhor para as ações do que este ano, a previsão era de que apenas quatro índices iriam recuperar o terreno perdido de 2020 e 16 índices não deveriam alcançar níveis de antes da pandemia até pelo menos 2022.
Cerca de 43% dos entrevistados, ou 40 de 93, disseram que este trimestre seria o pior momento para os lucros das empresas. Quase 27% escolheram o terceiro trimestre e os 30% restantes disseram que seria no quarto trimestre ou depois.