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Apesar das metas de corte, gases de efeito estufa atingem recorde

25 nov 2019, 14:22 - atualizado em 25 nov 2019, 14:22
Amazônia Meio Ambiente
Cientistas alertam que o maior volume de dióxido de carbono, óxido nitroso e metano em 2018 permanecerá na atmosfera nos próximos séculos, acelerando o aquecimento global (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera global atingiu recorde no ano passado, apesar da promessa de quase todos os países de começar a reduzir a poluição causada por combustíveis fósseis.

As conclusões da Organização Meteorológica Mundial trazem mais evidências de que o aumento da temperatura global desde a Revolução Industrial pode ultrapassar o limite de 2 graus Celsius.

Cientistas alertam que o maior volume de dióxido de carbono, óxido nitroso e metano em 2018 permanecerá na atmosfera nos próximos séculos, acelerando o aquecimento global e aumentando a probabilidade de eventos climáticos extremos. As concentrações de CO2 aumentaram para 407,8 partes por milhão em 2018, um nível atingido há pelo menos 3 milhões de anos.

“Não há sinal de desaceleração, muito menos de declínio, na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, apesar de todos os compromissos do Acordo de Paris”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, em comunicado divulgado na segunda-feira.

Os novos dados são um choque de realidade para quem procura sinais positivos de que a batalha global contra a mudança climática está progredindo. O relatório da OMM segue o alerta da Agência Internacional de Energia de que a poluição global aumentou em 2018 e só atingirá o pico em 2040.

Mas outro relatório de uma consultoria que monitora as emissões de carbono é mais animador. A quantidade de eletricidade proveniente de usinas a carvão deve cair 3% em 2019, de acordo com a Carbon Brief.

Uma redução dessa escala seria equivalente à quantidade total de energia a carvão proveniente da Alemanha, Espanha e Reino Unido no ano passado.

Os países com maior demanda por combustíveis fósseis do mundo, como EUA e Índia, estão no caminho certo para queimar menos carvão para gerar energia, enquanto a produção da China está se estabilizando, segundo a Carbon Brief.

A desativação das operações de carvão nos EUA e na Europa foi impulsionada pela preocupação com a mudança climática e acelerada pelo Acordo de Paris, acertado em 2015, onde quase 200 países se comprometeram a trabalhar para manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2 graus.

O Reino Unido vai parar de processar carvão para geração de energia até 2025; a Alemanha planeja eliminar o carvão até 2038; e a demanda pelo combustível nos EUA caiu para o menor nível em 39 anos em 2018.

Ainda assim, se as políticas globais de carvão permanecerem como estão, a demanda global pelo combustível continuará crescendo nos próximos 20 anos, segundo a AIE.