Economia

Apesar da deflação, Banco Central ainda pode elevar Selic a 14%

09 set 2022, 12:09 - atualizado em 09 set 2022, 12:09
Banco Central Selic
No mês passado, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual. (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

A inflação brasileira registrou o segundo mês de queda, com retração de 0,36% em agosto, ante -0,68% apurada em julho.

O resultado veio abaixo das projeções do mercado, de deflação de 0,40%, mas chegou com uma boa notícia: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses saiu de 10,07% para 8,73%, saindo dos dois dígitos depois de quase um ano.

Apesar da queda, o futuro da política monetária brasileira ainda é uma incógnita. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, passando de 13,25% para 13,75% ao ano.

Na época, o Banco Central já deixou no radar a possibilidade de uma alta residual de 0,25 pp na Selic e encerrar o ciclo em 14%. E parte das apostas do mercado são nesse sentido.

“A taxa anual caiu para 8,7% em agosto, mas comentários agressivos do Banco Central nesta semana apoiam nossa visão de que haverá um aumento final da taxa de juros de 0,25 pp no aperto ciclo”, afirma William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes do Capital Economics.

Na segunda-feira (5), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou durante um evento que a batalha contra a inflação “não está ganha”.

Campos Neto apontou que a inflação teve sim uma melhora recente, mas que grande parte desse resultado foi por medidas do governo.

“A gente ainda não tem certeza sobre o que vai acontecer, sobre a parte da volta dos impostos, como vai se dar, parte do auxílio, como vai ser financiado, parte dos municípios, como vai equacionar esse problema, o que mostra que o BC continua navegando num ambiente de alta incerteza”, disse.

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Alta disseminada

Os números confirmam a fala de Campos Neto. Os economistas do Itaú apontam que a leitura de agosto continuou mostrando os efeitos das reduções de impostos sobre os preços administrados, especialmente energia elétrica e gasolina.

Também houve uma surpresa altista em industriais subjacentes, especialmente em higiene pessoal – que costuma se um item tipicamente mais volátil –, mas também em vestuário. O repique foi maior que o esperado, indicando que a desinflação deste núcleo pode ser mais lenta ao longo do segundo semestre do ano.

Além disso, a média dos núcleos acelerou para 0,66%, ante 0,53% em julho, e a difusão voltou para a casa dos 65%, vindo de 62,9% mês passado.

“De forma geral, a gente vê que ainda temos uma inflação bem disseminada e que essa deflação, novamente, foi por conta das políticas de medida fiscal e não por medida monetária”, afirma Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

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