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Apertou para o etanol de milho? Tudo bem, tem o DDG garantindo o colchão das biorrefinarias

22 jul 2021, 15:14 - atualizado em 22 jul 2021, 15:25
Planta de Etanol
Plantas de etanol de milho tem colchão contra crises na produção do derivado para ração (Imagem: Reuters/Rick Wilking)

As 19 destilarias de etanol de milho já estão travando a matéria-prima para 2023. Movimento de antecipação mais larga diante das altas atuais do cereal. Para o ano que vem, seguindo a média dos últimos, entre 70% e 75% já foi comprado.

Mas os 30% ou 25% restantes, que vão entrar mais caros, se se considerar a cotação desta quinta (22) do futuro da B3 (B3SA3), em R$ 100 para março, deverão ser absorvidos pelas empresas.

A impressão da União Nacional do Etanol Milho (Unem) é que os produtores chegaram bem até aqui, apesar de estar havendo um certo descumprimento nos contratos de entrega pela falta de produto, como informou ao Money Times o presidente Guilherme Nolasco.

A conta dele é básica para o setor: contratou milho a termo em torno dos R$ 40 a saca ao final do ano passado (em novembro, R$ 38,50) – e entre R$ 46 e R$ 48 um pouco antes -, aproveitou uma melhora dos preços do biocombustível com a maior destinação para o açúcar da cana, mas, principalmente, vendeu o DDG (farelo que sobra da destilação) a R$ 1,5 mil a tonelada para a pecuária.

O produto que entra no mix da ração saltou de R$ 550/t.

“Somos produtores de DDG”, brinca o executivo, uma vez que 100% do que está no mercado vem das biorrefinarias, enquanto o etanol de milho representa 8% de todo biocombustível para automóveis. São 3,38 bilhões de litros.

Como processa 8 milhões de toneladas de milho, na perspectiva para 2021, e novos projetos  estão saindo, a elástica demanda por ração, à reboque do fortalecimento da proteína animal brasileira, mostra que o negócio do etanol de milho tem outro colchão para socorrê-lo em caso de crise de consumo, como aconteceu desde que a pandemia se instalou.

Por sinal, as boas projeções do mercado estão voltando. “Os projetos que estavam no papel e sofreram interrupção durante o pior da crise [da covid e econômica], estão voltando a ser tocados”, diz Guilherme Nolasco.

Os que “já estavam no chão” seguem firmes. Ao todo, o presidente da Unem concebe 23 plantas, destacando, entre outras, a terceira da FS Bioenergia (pioneira no Brasil enquanto Fiagril e hoje controlada pela americana Summit Agricultural Group) e da Inpasa, no Mato Grosso do Sul. Além de uma da tradicional sucroenergética São Martinho (SMTO3)

O Centro-Oeste domina, pela proximidade da matéria-prima, enquanto o Paraná abriga apenas duas pequenas unidades das que estão em atividade.

Em tempo: as usinas de etanol de milho não estão operando no total da sua capacidade, mas tudo bem, tem o DDG.