Aperto continua: Ata do Fed aponta para novas altas no 2º semestre
O Fed divulgou na tarde desta quarta-feira (5) a ata referente ao encontro dos dias 13 e 14 de junho, quando a autoridade monetária optou por manter a taxa de juros dos EUA na faixa de 5,0%-5,25%.
Sem distanciamento significativo do tom do comunicado, a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) aponta que a “vasta maioria” dos membros defendeu a manutenção dos juros na última reunião.
Ainda assim, os formuladores veem uma “probabilidade clara de mais aperto vindo nas próximas reuniões”, confirmando o caráter de pausa da decisão de junho com o objetivo de “avaliar os impactos” defasados das altas até aqui registradas.
Segundo o documento, os membros do Fomc elevaram a projeção para a taxa terminal de juros desde a reunião de maio. O ‘pico’ do ciclo de juros agora encontra em uma mediana de 5,6%, o que abre um vão para o Fed preencher nas quatro decisões restantes do ano.
Após a ata, o Fed Funds acusa uma possibilidade de 88% de um novo aumento de 0,25 ponto percentual, na taxa-base de juros já na reunião de julho.
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PIB e mercado de trabalho aquecido suportam inflação elevada
Os membros do Fomc destacaram elementos de uma economia ainda fortalecida para justificar a pausa de junho e a possibilidade de novas altas nos próximos encontros.
Entre eles está o dado do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre, que até o dia 13 de junho, havia crescido 1,3% na base anualizada (em leitura divulgada hoje, na semana passada, o número subiu para 2,0%).
O Fomc também fez alusão às condições apertadas do mercado de trabalho, haja vista uma robusta criação de vagas e uma taxa de desemprego beirando as mínimas da série histórica.
Impulsionada por este cenário, a inflação medida pelo PCE na base dos 12 meses continua elevada para a meta anual dos 2%.
Diante dessas condições, e observando os efeitos cumulativos do aperto que devem se mostrar mais fortes daqui em diante, os membros do Comitê ainda dizem enxergar a possibilidade de uma recessão. Porém, o período de retração pode não ocorrer em 2023, e sim 2024, graças à resiliência da economia americana.
Durante a reunião, os membros do Fomc também se debruçaram sobre a situação dos bancos americanos, examinando os desdobramentos e condições de liquidez do sistema financeiro após a falência do SVB em março.
Segundo o documento, identifica-se ainda um estresse residual dos eventos de março, mas recuperação da estabilidade financeira através de um menor volume de corridas bancárias.
“A habilidade dos bancos em assegurar empréstimos para negócios e consumidores parece ter se estabilizado nas últimas semanas, mas permanece em alguma extensão mais estressada do que era antes do fechamento do SVB”, coloca o documento.