Apertem os cintos: Perda da âncora fiscal vai abater economia em 2025, diz Monte Bravo
As perspectivas para a economia brasileira em 2025 se deterioraram, gerando uma forte perda para os ativos do país devido à ausência de uma âncora fiscal crível, segundo o relatório mensal da Monte Bravo.
Os analistas da corretora destacam que 2024 foi marcado por volatilidade nos mercados financeiros, especialmente após abril, quando o governo cedeu a pressões políticas e alterou as metas fiscais recém-aprovadas. Essa decisão comprometeu a credibilidade do arcabouço fiscal e resultou em uma drástica mudança no humor do mercado.
A avaliação é de que as propostas de ajuste defendidas pela equipe econômica são necessárias, mas insuficientes para promover cortes reais nos gastos públicos.
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“O Brasil tem uma dívida cara, cada vez mais curta e que cresce em ritmo assustador, aproximando o país de uma situação de dominância fiscal. Os elevados déficits primários em um ambiente de crescimento robusto e de arrecadação em alta revelam que o desajuste do gasto é estrutural e, por isso, existe a urgência para sinalizar medidas que equalizem essa questão”, dizem.
Os dados mostram que a dívida pública brasileira subiu de 71,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 para 77,2% em 2024. As projeções apontam para um nível preocupante de cerca de 87% em 2026.
“Caso o governo não consiga criar a perspectiva de estabilizar a dívida pública, o país vai entrar em dominância fiscal e crise econômica, exatamente o que aconteceu entre 2014 e 2016”, destaca o relatório.
O que esperar do risco fiscal para 2025
A Monte Bravo afirma que o temor da maioria dos analistas, que se reflete nos preços dos ativos, é que o Brasil esteja entrando em uma dinâmica de crise fiscal, sendo que os sinais atuais remetem ao período de recessão entre 2014 e 2016.
Os fatores que mais amargam o humor do mercado é o desejo do governo de expandir os gastos, mesmo diante de mudanças no cenário externo, e o aumento da percepção de risco, que já impacta negativamente o câmbio e as expectativas de inflação.
“Nesse momento não dá para descartar o risco de 2025 ser ainda mais turbulento, numa repetição de 2015”, dizem os analistas da corretora.
Na época, o PIB brasileiro encolheu 7,5% (3,8% em 2015 e 3,6% em 2016), o desemprego atingiu 13,7%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 10,7% (superando a meta de 6,5%), o dólar se valorizou 48,9% e a dívida pública saltou de 52% para cerca de 70% do PIB.
As projeções para o final de 2024 indicam um IPCA de 4,96% para 2025, mas a estimativa da Monte Bravo é mais pessimista, alcançando 6,20% com um pico de 7% no segundo trimestre. Este cenário eleva as expectativas para a Selic: enquanto o Relatório Focus projeta 14,75% ao ano, a Monte Bravo prevê uma taxa ainda maior, de 15,25%.
A taxa de câmbio também reflete a deterioração do quadro econômico. A projeção para 2025 subiu para R$ 5,96 por dólar, incorporando uma significativa depreciação cambial. A Monte Bravo, no entanto, prevê que o dólar possa estabilizar-se em R$ 6,35.
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