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Anvisa nega existência de pedido de registro para vacina russa contra Covid-19

30 out 2020, 12:54 - atualizado em 10 nov 2020, 21:15
Vacinas Coronavírus
O órgão regulador esclareceu também que o pedido de registro de uma vacina só poder ser feito após os estudos clínicos (Imagem: RDIF/via Reuters)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse em comunicado nesta sexta-feira que ainda não existe um pedido junto ao órgão para a realização de estudos clínicos com a vacina russa Sputnik V contra Covid-19 no Brasil e nem uma solicitação de registro, após o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF) anunciar que entregou documentos preliminares visando o registro do potencial imunizante no país.

Em nota, após o anúncio feito pelo fundo russo da entrega da documentação pelo RDIF, pelo governo do Paraná e pela empresa União Química Farmacêutica Nacional, a Anvisa disse que recebeu um e-mail da União Química e que a mensagem não era um pedido para a realização dos testes com a potencial vacina ou de registro da mesma.

“A Anvisa recebeu nesta quinta-feira um e-mail do laboratório União Química comunicando sobre a apresentação apenas de documentos prévios. Os documentos foram enviados com um pedido para que a Anvisa faça uma análise prévia, antes da apresentação formal do pedido de pesquisa”, afirmou o órgão regulador em nota.

“As informações enviadas não são um pedido formal de autorização para a pesquisa e não são suficientes para a autorização da Anvisa. Na prática, a pesquisa não está autorizada e esse pedido ainda não foi feito pelo laboratório.”

O órgão regulador esclareceu também que o pedido de registro de uma vacina só poder ser feito após os estudos clínicos.

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Documentos preliminares

A Sputnik V é a primeira vacina contra Covid-19 a obter autorização regulatória no mundo (Imagem: Reuters/Tatyana Makeyeva)

Mais cedo, o RDIF afirmou em nota que foi feita a “pré-submissão” de “documentos preliminares” para o registro da Sputnik V junto à Anvisa.

De acordo com comunicado do fundo russo, os documentos foram entregues à Anvisa na quinta-feira.

A Sputnik V é a primeira vacina contra Covid-19 a obter autorização regulatória no mundo, depois de o governo da Rússia lhe conceder registro em agosto, medida que gerou dúvidas em especialistas, já que o potencial imunizante ainda não teve seus testes em estágio avançado em humanos concluídos.

“O RDIF e a União Química, com o apoio do governo do Paraná, cooperam de forma proativa com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil, que tem desempenhado um papel fundamental e sensível para registrar, o quanto antes, a vacina Sputnik V no país”, disse, segundo comunicado o presidente-executivo do RDIF, Kirill Dmitriev.

Ainda de acordo com o comunicado, será lançado “em breve” a produção em solo brasileiro das primeiras doses da Sputnik V, como parte do acordo de transferência de tecnologia entre o fundo russo e a União Química.

“O registro permitirá passar à produção, bem como à distribuição da vacina no território brasileiro em breve.”

A Anvisa estabeleceu uma metodologia diferenciada de análise de registros de vacina contra a Covid-19, no qual os documento são submetidos e revisados pelo órgão regulador de forma contínua, assim que se tornam disponíveis.

Normalmente, toda a documentação é entregue de uma vez só, ao término de estudos que visam comprovar a segurança e a eficácia do imunizante. O objetivo é acelerar a análise dos pedidos de registro em meio à pandemia.

A Anvisa já recebeu documentos das candidatas a vacina da farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e do potencial imunizante da chinesa Sinovac, que está sendo testada e será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, do governo do Estado de São Paulo.