Anvisa libera autotestes de Covid-19 no Brasil; saiba como funcionam, onde comprar e se são confiáveis
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira (28) a liberação do uso de autotestes de Covid-19 no Brasil, após solicitação por parte do Ministério da Saúde.
Com a aprovação, passa a ser permitida a venda de autotestes diretamente ao consumidor em farmácias e estabelecimentos de saúde, desde que licenciados para comercializar dispositivos médicos.
A Anvisa ressalta que é proibida a oferta desses dispositivos na internet em sites que não pertençam aos estabelecimentos autorizados pelos órgãos de vigilância sanitária.
O mecanismo já é utilizado nos Estados Unidos e no Reino Unido, por exemplo. O custo, em média de US$ 10, o torna mais acessível para compra.
A liberação no Brasil, contudo, não tem efeito prático imediato, pois as empresas habilitadas legalmente a colocar esses testes à venda terão que registrar o produto primeiro na Anvisa.
Em nota, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) demostrou apoio a utilização desta modalidade de testagem, pois reconhece sua utilidade como triagem neste momento da pandemia.
A associação ainda alerta e reforça sua preocupação com a qualidade desses dispositivos e possíveis falhas na execução que, embora tenham uma aparente facilidade de aplicação, têm complexidade tecnológica e exigem que todas as etapas sejam realizadas com muito cuidado.
Mas, afinal, como funciona a autotestagem? Ela é confiável?
Como funciona a autotestagem?
Os autotestes usam um método semelhante ao dos testes rápidos de antígeno feito nas farmácias, cujo resultado sai em 15 minutos.
Para realizar a testagem, o usuário passa o cotonete nas duas narinas e coloca o material coletado em contato com um reagente e, posteriormente, inserido no teste.
O cotonete, nesse caso, não precisa ser enfiado até o fundo do nariz para alcançar a nasofaringe, como acontece com o PCR.
Por que a autotestagem pode dar errado?
Segundo a Abramed, imperfeições nas etapas de realização do teste caseiro — que, por não ser feito por um especialista, tem uma maior probabilidade de acontecer — levam a obtenção de falsos negativos.
Além disso, existe uma preocupação com interpretações equivocadas dos resultados desses testes.
A associação afirma que, do ponto de vista epidemiológico, os resultados errados são “extremamente graves por trazer falsa sensação de segurança em relação a não transmissibilidade da Covid-19”.
Medidas para garantir a eficácia dos autotestes
Entre os requisitos para a distribuição e comercialização do autotestes, a Anvisa determina que as instruções de uso, armazenagem e descarte do produto sejam claras e que utilizem ilustrações para facilitar o manuseio e a interpretação do resultado por parte do público sem treinamento técnico ou científico para uso do produto.
Além disso, o solicitante do registro da testagem deve dispor de um canal de atendimento ao usuário, com acesso a pessoas capacitados para atender, orientar e encaminhar as demandas sobre o uso do produto e como proceder após a obtenção do resultado.
A embalagem do produto, ainda segundo orientações da Anvisa, deve conter a validade do dispositivo, de modo a evitar seu uso fora do prazo de validade.
Frente as preocupações com a realização dos teste, a Abramed enviou ofício ao Ministério da Saúde, solicitando que os laboratórios clínicos participem da realização dos autotestes, em caráter temporário, disponibilizando seu ambiente controlado para que os pacientes realizem o procedimento com a orientação de profissionais capacitados.
A associação também reitera que a autotestagem é um teste de triagem e requer confirmação para diagnóstico.