Saúde

Anvisa é avessa a pressões externas, diz agência após fala de Bolsonaro

17 dez 2021, 14:20 - atualizado em 17 dez 2021, 14:20
“A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas”, disse a Anvisa em nota subscrita por toda a diretoria (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rebateu nesta sexta-feira declarações do presidente Jair Bolsonaro feitas na véspera em sua live semanal após a autorização do órgão regulador para o uso da vacina contra Covid-19 da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, e destacou que a agência é avessa a pressões externas.

“A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas”, disse a Anvisa em nota subscrita por toda a diretoria.

“O serviço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o gestor do Plano Nacional de Imunização (PNI), opções seguras, eficazes e de qualidade”, acrescentou.

Na live, Bolsonaro havia afirmado que iria pedir os nomes dos integrantes da Anvisa que aprovaram a indicação da vacina pediátrica contra a Covid-19 da Pfizer para que fossem divulgados publicamente.

O presidente, que questiona a efetividade dos imunizantes contra Covid-19 em geral, afirma que ainda não se vacinou e critica a obrigatoriedade da imunização e o chamado passaporte da vacina.

“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos”, disse o presidente na tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais.

No comunicado a Anvisa disse que o órgão se encontra “no foco e no alvo do ativismo político violento” após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças.

“A Anvisa é líder de transparência em atos administrativos e todas as suas resoluções estão direta ou indiretamente atreladas ao nome de todos os nossos servidores, de um modo ou de outro”, afirmou.

“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada, que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, reforçou.

Na manhã desta sexta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que não é consensual a vacinação contra Covid-19 em crianças, e destacou que a pasta quer discutir o assunto de maneira aprofundada.

Mesmo com aval da Anvisa, cabe ao governo federal fazer a compra das vacinas pediátricas contra Covid e decidir sobre sua inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI).

Segundo Queiroga, essa questão será analisada pela área técnica e o ministro é a última instância do ministério.

Na manhã desta sexta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que não é consensual a vacinação contra Covid-19 em crianças, e destacou que a pasta quer discutir o assunto de maneira aprofundada (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“As análises do ministério, nós também vamos passar para vocês um cronograma, para a sociedade brasileira, todos os ´steps´, todos os degraus”, disse.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) manifestou apoio à decisão da Anvisa e destacou que o imunizante da Pfizer já foi aprovado para crianças pela agência europeia EMA e pela agência norte-americana FDA, entre diversos outros países.

“É importante destacar o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que o público entre 05 e 14 anos é o mais afetado pela nova onda de Covid-19 na Europa e, apesar do menor risco em relação a outras faixas etárias, nenhuma outra doença imunoprevenível causou tantos óbitos em crianças e adolescentes no Brasil em 2021 como a Covid-19.

A pandemia ainda não acabou e a completa vacinação de toda a população brasileira é urgente”, disse o presidente do Conass, Carlos Lula, em nota.