Anvisa alerta laboratórios sobre detecção de variante do Covid-19 em testes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota técnica na qual alerta os laboratórios brasileiros a respeito de medidas a serem adotadas para a detecção em testes de variante do novo coronavírus, após ter sido identificada uma mutação do SARS-CoV-2 inicialmente no Reino Unido e que está se alastrando pelo mundo.
Essa discussão ganha relevo após São Paulo ter confirmado nesta segunda-feira os dois primeiros casos no Estado da variante.
No comunicado, o órgão regulador citou que a variante do coronavírus apresenta 14 mutações, sendo que uma delas relacionada ao gene S do vírus.
“Com a mutação no gene S para esta variante, os ensaios que utilizam exclusivamente este alvo, ou que tiveram como referência para o desenvolvimento do teste, podem não ser capazes de detectar esta cepa”, disse.
“Ressaltamos que no Brasil existem diversos produtos regularizados, seguros e eficazes para fins de diagnóstico do Covid-19, mesmo para esta cepa variante. Os laboratórios devem estar atentos às informações das instruções de uso e adotar medidas que favoreçam o diagnóstico, como a utilização de produtos voltados a diferentes alvos virais”, afirmou a nota de sexta-feira.
O professor Roberto Medronho, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse à Reuters que o alerta da Anvisa é válido porque a mutação só consegue ser descoberta com o sequenciamento do vírus e que isso pode ter impacto tanto para os testes a serem realizados quanto para a vacina contra o vírus.
“Se for uma mutação mais substantiva do Covid-19 teremos que procurar, não agora, mas num próximo momento uma nova vacina”, disse Medronho, acrescentando que o raciocínio também vale para os exames porque, sem alterações, eles podem dar falso negativo para detecção da nova variante.
Segundo o estudioso, “felizmente” o coronavírus não tem se mostrado tão mutável como o vírus da gripe, que sempre tem de ter uma nova vacina para imunizar as mutações. Por outro lado, a má notícia é que ele não é tão estável como o vírus do sarampo e poliomielite, em que uma pessoa é vacinada para toda vida.
“Da forma como temos detectado essas mutações, há possibilidade de termos uma produção de novas vacinas em um intervalo menor, de um ano, dois anos ou até mais”, avaliou.