Saúde

ANS: 59% das queixas sobre covid-19 são para exames e tratamentos

21 out 2020, 17:12 - atualizado em 21 out 2020, 17:12
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No mês de setembro, cerca de 7% das 14.597 reclamações registradas na agência tiveram alguma relação com a pandemia de covid-19 (Imagem: Peter Ilicciev/Fiocruz)

A principal queixa dos usuários de planos de saúde relacionada à covid-19 é a dificuldade de realização de exames e tratamentos, segundo boletim mensal divulgado hoje (21) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo a agência, tratam do tema 59% das 12.631 reclamações relacionadas à pandemia registradas de março a setembro.

O boletim informa que 26% das reclamações que envolvem a pandemia referir

am-se a outras coberturas que foram afetadas, e 15% tratam de questões não assistenciais, como contratos e regulamentos dos planos.

No mês de setembro, cerca de 7% das 14.597 reclamações registradas na agência tiveram alguma relação com a pandemia de covid-19. No mesmo mês do ano passado, os usuários de planos de saúde registraram 12.278 queixas. O número de reclamações registradas em setembro de 2020 também é 4% maior que o de agosto.

A ANS acrescenta que, entre março e julho, 91,3% das reclamações relacionadas à covid-19 foram solucionadas por mediação da Notificação de Intermediação Preliminar (NIP). Quando são consideradas todas as queixas, a taxa de resolutividade por mediação cresce para 92,7% no mesmo período.

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Ocupação de leitos

A taxa de ocupação de leitos para covid-19 em setembro foi de 54%, três pontos percentuais a menos que os 57% registrados em agosto. No mês passado, foram alocados para o tratamento da doença 23% dos leitos, contra 28% em agosto.

A taxa de ocupação de leitos para covid-19 em setembro foi de 54% (Imagem: Rogério Santana/Governo do Rio de Janeiro)

A ocupação geral dos leitos, o que também considera outras enfermidades, também teve queda, de 65% em agosto para 64% em setembro. No mesmo mês do ano passado, a ocupação foi de 74%.

A agência reguladora destaca uma mudança de comportamento dos usuários de planos de saúde, que se reflete no aumento de 8% de consultas de pronto socorro que não geraram internação.

Segundo a ANS, o número desses atendimentos apresentam retomada gradual, o que indica que as pessoas têm buscado manter os cuidados à saúde durante a pandemia. Outro fator que pode ter contribuído para o movimento é uma possível absorção da demanda de atendimento pela Atenção Primária.

Segundo o balanço da ANS, de março a julho, foram realizados 585.381 exames do tipo RT-PCR e 32.989 sorológicos para a detecção de covid-19. Somente em julho, foram 214.747 exames RT-PCR e 30.902 testes do tipo sorológico.

Inadimplência

O relatório da agência reguladora informa também que a inadimplência continua próxima dos níveis históricos, tanto para planos individuais ou familiares (11%) quanto para coletivos (4%). Considerados os dois tipos de contratos, a inadimplência geral ficou em 7%, mesmo índice do mês anterior.

O relatório da agência reguladora informa também que a inadimplência continua próxima dos níveis históricos (Imagem: Divulgação/Dasa/LinkedIn)

O número total de usuários de planos de saúde teve crescimento de 0,4% em setembro e chegou a 47,118 milhões, o maior contingente desde janeiro de 2019. Entre março e setembro de 2020, os planos coletivos por adesão tiveram crescimento de 1,01% em relação aos mesmos meses do ano passado, e os planos individuais ou familiares, de 0,05%. Já os coletivos empresariais tiveram queda de 0,15%.

A quantidade de usuários com mais de 59 anos teve crescimento em todos os tipos de contratação, enquanto a faixa etária de 0 a 59 anos teve queda nos planos coletivos empresariais e nos individuais ou familiares.

A ANS avalia que “esse resultado é condizente com a conjuntura da pandemia, indicando que a população mais vulnerável se esforça para preservar ou ampliar a cobertura assistencial e os efeitos da crise econômica e do desemprego prejudicam a manutenção dos planos para a população em idade ativa”. A agência afirma que, de uma maneira geral, os dados do boletim de setembro “não apontam para uma conjuntura de desequilíbrios de ordem assistencial ou econômico-financeira no setor”.