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Ano de 2022 será o pior para habitação popular desde início do MCMV, diz MRV

17 jan 2022, 18:20 - atualizado em 17 jan 2022, 18:20
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O resultado é que o mercado ficou muito mais seletivo nos projetos e muito do dinheiro que seria usado para financiar o programa acabou ficando empoçado (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

A habitação popular no Brasil deve ter em 2022 o pior ano em mais de uma década devido à inação do governo federal em reajustar os valores da tabela do programa Casa Verde e Amarela, que ficou defasada com a escalada da inflação, disse Rafael Menin, co-presidente da construtora MRV&Co (MRVE3).

“Se não houver atualização nas regras de renda, vai ser o pior ano do programa desde o início do Minha Casa Minha Vida”, disse Menin em entrevista à Reuters nesta segunda-feira.

Segundo o executivo, famílias que se enquadravam nas faixas de renda mais baixa do programa -lançado em 2009 pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e rebatizado no governo Jair Bolsonaro – não mais conseguem se habilitar porque sua renda ficou defasada em relação aos preços dos imóveis.

“O resultado é que o mercado ficou muito mais seletivo nos projetos e muito do dinheiro que seria usado para financiar o programa acabou ficando empoçado”, afirmou Menin, mostrando-se com poucas esperanças de que haja uma correção significativa da tabela do programa ainda neste ano.

De fato, o braço da MRV responsável por imóveis populares foi o de mais fraco desempenho no quarto trimestre, segundo os dados operacionais divulgados nesta segunda-feira.

Ainda assim, a companhia mineira teve recordes em lançamentos e vendas, dado principalmente o desempenho da AHS, unidade do grupo nos Estados Unidos.

De outubro a dezembro, os lançamentos totais da MRV&Co somaram 3,24 bilhões de reais, alta de 52,4% sobre mesma etapa de 2020.

Enquanto a divisão MRV ficou praticamente estável, a AHS passou de zero para 1 bilhão de reais em lançamentos.

Nas vendas, o consolidado ficou em 2,4 bilhões de reais, aumento de 18% ano a ano, com queda de 16,2% na divisão MRV, que viu o preço médio por apartamento subir 4,7%, para 169 mil reais.

Na AHS houve saltos de 184,4% nas vendas, para 771 milhões de reais, e de 129% nas unidades vendidas, para 590.

A companhia encerrou o quarto trimestre com queima de caixa de 128 milhões de reais, após 174,2 milhões de geração um ano antes. A unidade MRV teve consumo de quase 250 milhões de caixa enquanto a AHS gerou 107,5 milhões, alta de 15,3% ante o quarto trimestre de 2020.

A Lugo, que constrói imóveis para alugar, teve geração de caixa de 64,1 milhões de reais, revertendo resultado negativo de 12,4 milhões um ano antes.

No período, a companhia também fez acordo para vender para a Brookfield cerca de 5.100 unidades da Luggo, representando um valor geral de vendas (VGV) de 1,26 bilhão de reais.

Para Menin, esse perfil de resultados deve se prolongar durante este ano, dado que o cenário macroeconômico adverso no Brasil deve limitar a recuperação de seu negócio principal, o que também deve seguir pressionando a margem bruta.

Ipo

A perspectiva de crescente participação da AHS no resultado consolidado deve reforçar o plano do grupo de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em 2023, disse Menin, dada a maior liquidez do mercado de ações naquele país.

Isso também permitirá maior comparabilidade com empresas do mesmo setor no ambiente global, afirmou.

“Temos esse negócio, a AHS, que ainda não é adequadamente precificado pelo mercado, na nossa opinião”. “Uma listagem nos Estados Unidos pode destravar valor”, completou.

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