André Franco: você tem cripto no seu portfólio? Então leia este artigo hoje
“O dinheiro foi criado muitas vezes, em muitos lugares. Seu desenvolvimento não exigiu nenhum progresso tecnológico: foi uma revolução puramente mental. Envolveu a criação de uma nova realidade intersubjetiva que existe apenas na imaginação coletiva das pessoas.”
Yuval Noah Harari, autor de Sapiens.
Yuval deixou bem claro que dinheiro — e basicamente quase tudo aquilo que acreditamos, como empresas, meritocracia e religião — não passa de uma crença que pode mudar ao longo do tempo. Dinheiro pode até atravessar religiões e países mas, ainda assim, tem suas fragilidades.
Em 2008, quando o Federal Reserve (FED), banco central dos EUA, começou a imprimir dinheiro para não agravar a crise de liquidez no mercado, a principal questão levantada foi se aquilo era saudável para uma economia liberal.
Na crise, o FED dobrou o número de ativos em seu balanço e fez isso por meio da impressão de dólares. Esses movimentos bruscos em relação a dinheiro sempre fazem outros agentes do mercado começarem a se perguntar se o dinheiro não poderia perder valor.
Afinal, se estamos falando unicamente de uma criação intersubjetiva que as pessoas acreditam, ela pode mudar com o tempo, simplesmente porque as pessoas trocam uma crença por outra, como aconteceu parcialmente com a religião cristã na reforma protestante.
Tuur Demeester, da Adamant Capital, conseguiu traçar um ótimo paralelo entre isso e a reforma que o bitcoin pode estar próximo a nos colocar.
Na atual crise em que vivemos, o FED interviu novamente e o seu balanço que já parecia gigantesco, na casa dos trilhões, só aumentou.
Perceba que aquele mesmo questionamento que aconteceu em 2008, a respeito da validade do dinheiro, surgiu novamente agora que o FED colocou as impressoras de dinheiro novamente para funcionar na mesma intensidade.
Em magnitude, o salto no balanço do banco central americano é ainda maior que o da crise passada e estamos nos primeiros meses da crise atual. Por isso, existe uma expectativa que esse número no gráfico chegue até US$ 10 trilhões, o que seria uma completa estatização do mercado de capitais.
Os mais otimistas falam que o FED está resolvendo um problema de liquidez momentâneo e que, quando a tempestade passar, ele poderia retirar esse dinheiro e diminuir o valor de ativos em seu balanço.
Bem, a História nos mostra que não conseguiu fazê-lo anteriormente. Existe um zero histórico positivo para acreditar nessa narrativa.
Por isso, as discussões que permeiam as inúmeras lives, para falar sobre o futuro do mercado, tocam na questão de ativos que funcionam como reserva de valor.
Ouro, terras e bitcoin entraram na pauta das discussões e até Luiz Stuhlberger, da Verde Asset Management, lendário fundo brasileiro, deu o seu pitaco sobre o assunto.
Se o mundo muda, você tem que mudar com ele. Com toda a certeza, bitcoin e criptomoedas vão ser um ponto na discussão para onde o mercado financeiro vai caminhar e você tem que saber o que fazer a respeito dessa possível reserva de valor digital.
O que eu estou fazendo com o meu portfólio pessoal
Desde que esta tempestade desencadeada pelo novo coronavírus começou, o meu comportamento foi o mesmo em relação ao meu portfólio de cripto pessoal e do indicado para os meus assinantes: tenha ouro, criptomoedas e dólar.
Pode parecer estranho falar de um portfólio de criptomoedas e ter ativos como dólar e ouro, mas isso é completamente plausível. Através de ativos como pax gold (PAXG) e true usd (TUSD), é possível se expor a essas classes de ativos apenas comprando criptomoedas.
Pois bem, vamos às explicações para ter esses três ativos em uma carteira de criptomoedas neste momento de incerteza.
Ouro é uma reserva de valor secular e, dificilmente, vai ser colocado em xeque nesta crise porque sua escassez física, certas utilidades práticas e seu valor subjetivo como joia parece que não serão abalados.
Criptomoedas — principalmente o bitcoin — são a aposta no futuro da reserva de valor. Ao reproduzir a escassez do mundo físico por meio de um código verificável, o bitcoin se tornou algo muito parecido com o ouro, mas digital.
Pode até ser que Ray Dalio tenha vociferado que “cash is trash” (dinheiro é lixo) recentemente, mas a verdade é que, momentaneamente, ter caixa — na verdade, dólar — é ótimo para poder aproveitar oportunidades melhores de comprar ativos por preços menores e, por isso, a necessidade de ter a moeda em carteira.
Dito isso, o meu portfólio cripto composto por bitcoin, dólar e ouro deve mudar quando o mercado nos der o sinal verde. E o que seria o sinal verde? Uma volta à normalidade.
Não me entenda mal. Para mim, normalidade no mercado cripto, neste momento, é apenas uma volta à sua essência, a de ser um ativo descorrelacionado aos demais. Atualmente, a correlação do bitcoin com o S&P 500, principal índice da bolsa dos EUA, está em seu pico histórico.
Sabemos que, em uma situação normal de mercado, essa correlação oscila em torno de zero. Assim, os retornos do índice S&P 500 não explicam os retornos do bitcoin e vice-versa, como reza o livro-texto da correlação.
Quando essa correlação começar a voltar ao normal, será a hora de virar a mão e trocar as posições defensivas: em grande parte, por posições mais agressivas em criptomoedas, como bitcoin (BTC), tezos (XTZ) e chainlink (LINK).
Existe um jeito mais fácil de fazer isso
Sei que, para a maioria das pessoas, é extremamente complicado seguir sugestões de investimento quando o assunto é criptomoedas. A dificuldade de comprar, vender e armazenar com segurança são empecilhos que mantém várias pessoas longe desse mercado.
Por isso, a Vitreo, gestora de recursos, desenvolveu um fundo de criptomoedas que implementa as minhas ideias de investimento da série Exponential Coins.
O fundo Vitreo Criptomoedas permite, de uma maneira simples, a exposição a essa classe de ativos, seguindo as melhores ideias da minha equipe.
Também sou cotista do fundo, mesmo sabendo manusear criptomoedas no meu dia a dia, por uma questão de facilidade de investimento, acompanhamento e implementação das ideias.
Sinto mais segurança sabendo que meus investimentos estão tendo uma custódia profissional, e não estão em um pen drive escondido em uma gaveta qualquer.
E você? Acha que o sinal verde já foi acionado? Tem outra ideia de sinal verde? Qualquer dúvida, entre em contato comigo pelo Instagram e me diga. Sempre gosto de ouvir opiniões sobre o que escrevi.
Abraços e até a próxima.