André Franco: o que é Ethereum?
No artigo de hoje, iremos falar sobre o segundo ativo mais importante do mercado em tamanho de mercado de uma maneira bem introdutória.
Caso queira complementar seus estudos sobre o assunto, não deixe de ouvir também a edição mais recente do podcast Crypto Storm que trata do tema. Vamos lá?
Além dessa criptomoeda, existem outros milhares de criptoativos, e hoje vou focar naquele que, depois do bitcoin, deve ser um dos mais importantes desse mercado.
Sem dúvidas, a invenção de Satoshi Nakamoto foi uma grande inovação para o mercado financeiro e espero que, dentro de uma década, isso fique cada vez mais claro para o mundo.
Mas aquilo que poderia ser a inovação de uma geração foi surpreendida com uma inovação ainda maior logo na sequência.
Como alguns especialistas gostam de dizer: o raio caiu duas vezes no mesmo lugar.
Após a apresentação de Satoshi Nakamoto de um sistema distribuído que permitia a transação de valores sem a necessidade de um intermediário, um novo protocolo foi proposto em 2013.
O idealizador do que viria a ser o Ethereum foi Vitalik Buterin que, até aquele momento, era apenas mais um integrante da comunidade cripto.
O Ethereum é conhecido como um imenso computador distribuído que potencializa os usos do blockchain para além do uso como dinheiro.
Mas para isso ficar mais claro pra você, vamos recorrer às similaridades que o Ethereum tem com uma das maiores empresas do mundo, a Apple.
Essa empresa fundada por Steve Jobs deve a sua perpetuidade no mercado e também o seu valor à ótima qualidade de seus produtos, tanto do design quanto do poder dos softwares.
A fama da empresa foi construída principalmente por iPhones e MacBooks. Se esses produtos fossem apenas bonitos, a Apple seria reconhecida somente pelo design; mas é seu sistema operacional que faz com que eles sejam muito admirados.
Tanto o iOS, sistema operacional do iPhone, quanto o macOS, sistema operacional do MacBook, são referências em softwares.
É nesse ponto que quero focar por ora, pois podemos traçar um paralelo entre ele e a rede do Ethereum.
Isso porque a Apple não criou todos os aplicativos que funcionam no iPhone.
O iOS é apenas uma plataforma na qual os desenvolvedores criam aplicações, utilizando os recursos fornecidos com um determinado objetivo.
Além dos recursos de programação que o iOS oferece, os dados coletados por sensores do iPhone também podem ser usados em determinadas aplicações.
Por exemplo, o GPS do iPhone pode ser usado para saber a localização do usuário e, a partir dessa informação, sugerir um restaurante próximo que seja do interesse da pessoa.
Essa tomada de decisão sobre a sugestão a ser dada é feita por um algoritmo que avalia os gostos do usuário, fornecidos previamente.
Além disso, o aplicativo analisa quais estabelecimentos mais próximos podem ser uma boa sugestão e envia uma notificação ao celular com uma proposta.
Nesse processo simplificado, o iOS, o GPS e o poder de processamento do iPhone formam, em conjunto, uma plataforma que possibilita que o aplicativo de sugestão de restaurantes funcione.
Mas perceba que a empresa que desenvolveu o aplicativo não precisou criar um celular do zero ou um sistema operacional como o iOS para poder sugerir um restaurante para o usuário.
Ela apenas usou recursos já disponíveis, assim como qualquer outro aplicativo pode usar.
Para o aplicativo ficar disponível na Apple Store, a empresa paga uma taxa para a Apple. Desse modo, ela pode usar a plataforma e ter acesso a recursos que se encontram no iPhone.
Da mesma forma que essa cadeia funciona na plataforma disponibilizada pela Apple, o Ethereum pretende funcionar para aplicações descentralizadas, mas com um diferencial: não é a Ethereum Foundation, umas das instituições por trás do Ethereum, ou Vitalik Buterin que recebe todos os pagamentos pelas aplicações ou detém todo o poder que a plataforma ambiciona.
Na verdade, como a proposta do Ethereum é ser descentralizado, ele não tem um dono de verdade.
Sendo assim, qualquer um pode ser remunerado por emprestar poder computacional à rede.
A ideia é bem simples e permite que qualquer pessoa faça parte da rede como um prestador de serviço ou como um usuário.
Por exemplo, imagine que alguém possua uma planilha de Excel com diversas fórmulas, milhares de linhas e colunas e que exija um processamento de dados que o computador da pessoa não suporte.
Consequentemente, todas as vezes que a planilha tenta executar uma fórmula, o computador trava e tem que ser reiniciado.
Uma primeira solução seria comprar um computador com maior capacidade de processamento.
Mas se a pessoa pretende executar a aplicação poucas vezes, seria extremamente custoso comprar uma máquina apenas para um uso pontual.
Esse é um dos tipos de problema que a rede Ethereum poderá resolver quando estiver funcionando plenamente.
Nesse caso, a pessoa poderia usar o poder computacional de outros computadores espalhados pelo mundo para processar as contas da planilha mediante um pagamento.
Poderia acontecer também o caminho inverso: a pessoa que desejasse receber pagamentos pelo uso do poder de processamento de seu computador poderia emprestar sua máquina para aplicações de outros usuários da rede.
Esse seria um processamento “on-demand”, em que não é preciso ter o ativo físico para usá-lo, bastando apenas acessá-lo quando for necessário, mediante um pagamento.
Mas esse conceito não é algo que o Ethereum trouxe. Ele já existe há algum tempo e tem se estendido cada vez mais a outros mercados.
Empresas como Airbnb e Uber já entenderam que é possível fazer o compartilhamento de recursos e, da mesma forma, você pode ser um consumidor ou um prestador de serviços.
Por enquanto, a rede não chegou ao ponto de funcionar para aplicações como a que citei agora há pouco. Apenas os “smart contracts”, ou contratos autônomos, foram implantados com sucesso e, mesmo assim, já provocaram uma disrupção no meio.
Esses contratos inteligentes permitem acordos entre duas partes, por meio de programação, sem a necessidade de haver um intermediário para garantir que o combinado seja executado.
Na verdade, a programação consiste em uma série de condições que autorizam ou não a realização de algo.
Talvez pareça um pouco abstrato, mas você pode entender o contrato como uma aposta em que uma pessoa não confia na outra.
Seria necessário existir um intermediário que ficasse com o dinheiro das duas pessoas e, a depender do resultado, passasse o valor para uma das partes.
Ou seja, existiria alguém apenas para decidir quem foi o ganhador.
Mas, se a aposta fosse feita por meio de um “smart contract”, a decisão seria tomada por uma série de condições criadas digitalmente, por meio de um programa de computador, sem a necessidade de um indivíduo para validar a aposta e o prêmio.
Essa automatização de contratos é algo extremamente disruptivo se considerarmos que não necessita de uma instituição centralizadora para funcionar.
Trazendo a nossa analogia com a Apple de novo, seria como se, em vez de uma grande instituição por trás, absorvendo todos os lucros e também todos os riscos de manter uma plataforma funcionando, tanto os custos quanto os lucros fossem socializados com quem decidiu emprestar poder computacional.
No final do dia, um sistema que elimina intermediários da conta entrega mais valor às pontas.
Essa é exatamente a razão que levou Satoshi a idealizar o bitcoin e Vitalik Buterin a propor o Ethereum.
Bem, por hoje é só e espero que tenha entendido o conceito por trás do Ethereum ser um imenso computador descentralizado.
Mas, antes de ir embora, me diga o que achou do artigo. Conseguiu entender como funciona o Ethereum e qual todo o seu potencial? Ficou alguma dúvida em alguma das passagens?
Qualquer dúvida entra em contato comigo pelo Instagram e me diga. Sempre gosto de ouvir a sua opinião sobre o que escrevi. Forte abraço!