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Devido às grandes movimentações do seu preço em curto espaço de tempo, o bitcoin ficou conhecido como uma forma de investimento de alto risco, se comparado a outros investimentos tradicionais.
“A primeira impressão é a que fica”, eu sei. Mas quero tentar quebrar esse preconceito aqui e agora. Esse ativo possui um valor real e este artigo é exatamente para provar esse valor.
O que de fato é o bitcoin? Para que serve? Por que tem tanta gente falando sobre esse “novo” ativo? É isso que você vai entender hoje.
Vou explicar com uma história, para ficar mais claro.
Imagine que acabou de lançar um iPhone novo e você quer comprá-lo. Aqui no Brasil, o preço, como de costume, está além do pagável. É obsceno. Nesse momento, você lembra que tem um amigo ou familiar nos EUA.
Como lá o preço do seu sonhado iPhone é mais acessível, surge a ideia que todos os brasileiros que se encontram em um cenário parecido têm: você pode pedir para essa pessoa comprar e trazer para você, se comprometendo a dar o dinheiro a ela.
É na hora de colocar o plano em ação que você vê que não é assim tão simples. Existem dois cenários possíveis, quando você pedir para ele comprar: você o paga quando chegar aqui ou você pode mandar o dinheiro para ele pelo banco.
Em cada um dos cenários existe um impeditivo.
No primeiro, essa pessoa pode não ter o dinheiro disponível para comprar o que você deseja. Além de que, na hora de pagar em reais, você pagará o preço do dólar turismo, que sairá mais caro que o planejado.
Para quem não sabe, as casas de câmbio cobram um preço pelo dólar acima do que vemos na internet ou no jornal. É assim que elas ganham dinheiro.
No outro cenário, você verá o quanto sairá caro uma transferência para outro país. São cobradas taxas em cada um dos intermediários: no banco em que você depositar aqui no Brasil, na entidade que realiza a conversão das moedas e a transação, e na retirada no banco nos Estados Unidos.
Para piorar, demora algo em torno de uma semana para o dinheiro chegar lá.
Você ainda pode comprar com seu cartão de crédito e pedir para entregar onde ele estiver. Lembrando que você vai pagar IOF e o câmbio marcado pelo seu banco, que pode ser diferente do preço da casa de câmbio.
Essa é uma das utilidades que o bitcoin assume e pode mudar completamente a forma com que se transaciona dinheiro entre fronteiras. Mas em que momento o bitcoin entra?
Saindo da história e partindo para a prática: o bitcoin é uma moeda 100% digital e descentralizada. Não existe uma moeda ou cédula de bitcoin porque, assim como grande parte do dinheiro do mundo, ele existe apenas na forma de bits e bytes, dentro de computadores.
Por “descentralizada”, quero dizer que não tem nenhum órgão central por trás da sua emissão e da sua circulação. Resumindo: não tem banco central por trás.
Não existe apenas uma única entidade que manda e desmanda no bitcoin, assim como não existe CEO ou empresa coordenando todos os passos desse ativo.
O criador do bitcoin foi Satoshi Nakamoto que, apesar do nome marcante, até hoje ninguém consegue ter certeza de quem é.
Com a criação de Satoshi, é possível transacionar livremente valores através da internet sem a necessidade de um intermediário garantindo a validade da transação.
No modelo tradicional, se eu quiser transferir um valor em reais para você, preciso do banco como intermediário para garantir que eu tenho esse saldo — ou que o dinheiro é verdadeiro, em caso de depósito.
Além disso, eu ou você precisamos ter conta no banco. E se você tem uma conta no banco, sabe que, vez ou outra, aparece algum problema e, para ser resolvido, toma algum tempo.
Pode até ser que várias dessas questões bancárias você consiga resolver no celular, seja ligando ou acessando o aplicativo do banco, mas, para outros, vai ser necessário ir a uma agência, o que sempre é muito problemático.
Já com o bitcoin, você consegue transferir qualquer quantidade de dinheiro, para qualquer lugar do mundo, sem precisar de aprovação de crédito ou ter que arcar com limites diários de transação.
Você manda, a pessoa recebe. É tão simples quanto isso e tão simples como realmente deveria ser.
Após essa breve explicação, você já consegue perceber como o bitcoin resolveria o problema do seu iPhone novo, certo?
Uma transação de bitcoin demora algo em torno de dez minutos para ser completada, independente se é para alguém que está do seu lado ou que está nos Estados Unidos. Tudo o que essa pessoa precisa para receber o valor em bitcoin é acesso à internet.
Ficou curioso para saber como essa moeda funciona? Então vamos lá.
Como o Bitcoin funciona?
Preste atenção! Agora que você já entendeu o que é o bitcoin e qual o principal problema resolvido por ele, vamos entender melhor como ocorrem as transações de fato e como se garante a segurança desse sistema.
Afinal de contas, estamos falando de dinheiro e ninguém quer que o seu dinheiro seja roubado ou suma.
O bitcoin utiliza uma tecnologia que foi criada junto a ele para que pudesse funcionar como foi proposto: de forma completamente digital e descentralizada.
Essa tecnologia é famosa e, provavelmente, você já ouviu falar dela. Estou falando do blockchain. O blockchain nada mais é do que um grande livro de registro, completamente digital, onde estão todos os bitcoins já criados.
Caso você tenha qualquer quantidade, mesmo que seja 0,000001 bitcoin, este valor está no blockchain.
É esse sistema que garante que o mesmo bitcoin não esteja em dois lugares ao mesmo tempo e que cada fração seja única. Isso tem um valor inestimável para o mundo digital. Falo isso com ênfase porque, antes do bitcoin, não era possível autenticar que um bem digital existia apenas em um lugar.
Ficou confuso? Pense nos seus documentos digitais, como uma foto ou um texto. Nada garante que ele não tenha sido replicado e esteja em vários lugares ao mesmo tempo.
Uma foto que tirei no meu celular pode estar comigo, na nuvem, postada no Instagram e até no celular de todos do meu grupo de amigos porque enviei para eles via WhatsApp.
Não existem garantias de que minha foto é única e está apenas no meu celular. Mas no sistema do bitcoin, o blockchain, isso não acontece, pois esse sistema autentica as transações e assegura que não tenham mais bitcoins em circulação do que já foram criados.
Em outras palavras, é um mecanismo à prova de fraudes, e logo você entenderá o porquê.
Essa estrutura é responsável por toda e qualquer transação envolvendo bitcoins. Então, se eu mandar um bitcoin para você, ou melhor ainda, se você mandar um bitcoin para mim, essa transação estará registrada na blockchain.
Isso acontece da seguinte forma: milhares de transações são registradas no blockchain do bitcoin a todo momento. Essas transações são agrupadas de dez em dez minutos em uma estrutura digital que foi chamada de bloco.
Não existe “bloco” algum. Na verdade, é só um nome que facilita a visualização do processo. Após dez minutos, esse bloco é formado e mandado para a validação.
A validação do bloco e das transações inseridas nele é feita por um algoritmo que utiliza a criptografia para resolver equações e, dessa forma, confirmar a existência dos bitcoins enviados e, portanto, a veracidade da transação.
Mas vamos simplificar a explicação anterior, porque até eu me assustei com a quantidade de palavras complicadas: algoritmo e criptografia.
Essas validações são feitas por computadores superpotentes, especializados em realizar esse processo.
Os donos dessas máquinas devem baixar todo o blockchain do bitcoin no seu computador e instalar um programa para fornecer poder computacional, ou seja, emprestar a potência do seu computador, para resolver as equações e validar os blocos de transações.
Quando diversos computadores verificam o bloco e a sua validade, atinge-se o consenso.
O consenso é um elemento fundamental para a rede do bitcoin. O fato de mais de um computador conseguir validar o bloco e todos concordarem entre si — ou seja, todos resolverem a mesma equação e obter o mesmo resultado — é o que garante a segurança.
Se um agente mal-intencionado quiser mudar alguma informação na blockchain do bitcoin, muito provavelmente não conseguirá, visto que pelo menos metade dos outros computadores têm que concordar entre si.
O processo de confirmação dos blocos gasta uma grande quantidade de energia para os donos das máquinas.
E, como ninguém trabalha de graça, eles também não fornecem o poder de processamento dos seus computadores porque são bonzinhos e querem ajudar a rede do bitcoin. Eles recebem uma recompensa por isso.
A atividade de fornecer o poder computacional para verificar os blocos e inseri-los no blockchain, em troca de uma remuneração, é conhecida como mineração.
O que é a mineração e quem são os mineradores?
A mineração nada mais é do que a atividade de fornecer o poder de processamento do seu computador para confirmar as transações e os blocos no blockchain.
Os mineradores são pessoas — ou na maior parte dos casos, empresas — que fornecem o poder dos computadores para a rede do bitcoin.
O mais importante de se saber aqui é: como os mineradores são recompensados?
A cada bloco validado (ou minerado, como se diz na linguagem do bitcoin), é criada uma quantidade determinada de bitcoins para recompensá-los. No início de tudo, a recompensa por bloco minerado era de 50 bitcoins.
Como eu já disse, essa remuneração é dividida entre todos os mineradores que validam aquele bloco. Logo, a cada dez minutos, eram colocados em circulação mais 50 bitcoins. No entanto, a recompensa por bloco é diminuída pela metade a cada 4 anos.
Já tivemos três choques de oferta desde 2009, quando o bitcoin foi criado e, este ano, em maio, tivemos o mais recente desses choques, quando a recompensa caiu para apenas 6,25 bitcoins por bloco.
Outro detalhe que vale a pena entender sobre o bitcoin é que o máximo de unidades a serem criadas é de 21 milhões e esse número será atingindo depois do ano de 2140, pelo menos.
E você deve estar se perguntando: por que é assim? Quem determina isso? A resposta é: a computação. Está na programação do bitcoin e isto é imutável.
O criador do bitcoin estabeleceu essas regras em 2009 e todos os que usam o sistema têm que saber disso e são obrigados a segui-las, pois não tem opção para mudança.
Queria algo diferente no bitcoin? Então crie o seu do zero e boa sorte, pois o bitcoin original vai continuar funcionando assim.
Dito isso, vamos a uma das perguntas que eu mais escuto quando o tema é mineração: qualquer computador pode minerar bitcoin?
A resposta é não, e vai muito além disso.
Hoje em dia, os computadores de uso pessoal ou empresarial não conseguem mais minerar bitcoin.
No começo, e até meados de 2015, a mineração era inteiramente feita por CPUs (processadores) e por GPUs, que são placas de vídeo.
Quando o mercado viu que a mineração era rentável, muitos passaram a tentar otimizar esse processo.
Foi aí que criaram uma máquina especializada em mineração de criptoativos, principalmente de bitcoin: ASICs (Circuitos Integrados de Aplicação Específica) de mineração.
Agora o papo entrou em um quesito bem técnico do ecossistema. Vamos deixar isso para uma próxima conversa, certo?
Mas, antes de ir embora, me diga o que achou do artigo. Conseguiu entender como funciona o bitcoin e os seus pilares? Ficou alguma dúvida em alguma das passagens? Qualquer dúvida, entre em contato comigo pelo Instagram. Sempre gosto de ouvir a sua opinião sobre o que escrevi.
Abraços e até a próxima.