Opinião

Anderson Luz: O planejador financeiro na revolução 4.0 da indústria de investimentos

01 mar 2021, 22:57 - atualizado em 01 mar 2021, 22:57
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No Brasil, quando se fala em investimentos, o modelo de negócios mais tradicional é o que teve início com os bancos de varejo (Imagem: Freepik/@standret)

O mercado financeiro tem passado por um constante processo de evolução e aprimoramento. As inovações tecnológicas, os desenvolvimentos regulatórios, novos produtos, metodologias de alocação diferenciadas, além de modelos de negócios inovadores, são fatores que impulsionam esse crescimento.

A evolução dos diferentes modelos de negócios que existiram ao longo da história do mercado financeiro se confunde com a história do próprio mercado e da economia.

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A evolução dos modelos de negócio no Brasil

No Brasil, quando se fala em investimentos, o modelo de negócios mais tradicional é o que teve início com os bancos de varejo. O gerente é o interlocutor entre os interesses da instituição e os clientes, é ele quem sugere soluções em crédito, financiamentos e investimentos. Os clientes, na maioria das vezes, acabam aceitando estas sugestões sem avaliar se elas de fato são adequadas para as suas necessidades.

Há dessa forma, porém, um grande conflito de interesses, já  que a remuneração do gerente está atrelada aos produtos que são apresentados. Isso porque o que é menos rentável para o cliente, é o que gera mais retorno ao banco.

Na década passada, com o objetivo de tornar mais democrático o acesso ao mercado financeiro, corretoras novas deram início a um novo modelo. Pela primeira vez, milhões de brasileiros passaram a ter acesso a produtos de investimento antes restritos à profissionais de finanças ou famílias com patrimônio elevado.

Nesse contexto, a figura do agente autônomo de investimentos ganhou relevância. Associada as plataformas de investimentos digitais e a ausência de tarifas, muitas pessoas tiveram acesso a opções mais rentáveis e diversificadas.

Por outro lado, embora a democratização do acesso aos investimentos tenha sido uma evolução muito positiva, o conflito de interesses ainda está presente.

E uma das principais evoluções esperadas para o mercado financeiro, no futuro, é surgimento de modelos de negócios que reduzam, ou até mesmo eliminem isso, cenário que chamamos da era 4.0 da indústria de investimentos.

A atuação dos planejadores financeiros ainda é limitada, tanto em termos regulatórios, quanto na disponibilidade de soluções (Imagem: Unsplash/@adeolueletu)

O planejador financeiro como parte da revolução 4.0

Observando a experiência de países com um mercado mais maduro, vemos que este problema já começou a ser abordado. O planejador financeiro, figura central na prestação de um serviço livre de conflitos de interesse, é bastante conhecido nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.

No Brasil, a atuação dos planejadores financeiros ainda é limitada, tanto em termos regulatórios, quanto na disponibilidade de soluções voltadas para este profissional.

Porém, a centralidade do planejador na construção de um relacionamento verdadeiramente “livre” entre o cliente e o mercado financeiro, nos leva a acreditar que este profissional será o protagonista da próxima grande revolução que o mercado brasileiro atravessará.

Um planejador não observa o cliente somente pela ótica dos investimentos. Ele é um especialista em finanças pessoais, com qualificação para atender seus clientes desde a organização do orçamento doméstico mensal, até o planejamento sucessório, investimentos, crédito, endividamento, entre outros.

A  principal diferença do planejador em relação a gerentes e assessores, é que ele é remunerado diretamente pelo cliente, e portanto, defende seus interesses.

Indústria 4.0 versus mercado financeiro

O termo indústria 4.0 faz referência a um fenômeno que, segundo especialistas, pode ser considerada a quarta revolução industrial. A emergência de tecnologias como machine learning, blockchain, IoT, inteligência artificial e redes neurais, tem potencial para provocar uma verdadeira revolução não apenas nas indústrias propriamente ditas, mas também em diversos outros segmentos.

A  principal diferença do planejador em relação a gerentes e assessores, é que ele é remunerado diretamente pelo cliente, e portanto, defende seus interesses (REUTERS/Rahel Patrasso)

O mercado financeiro, como seria esperado, não ficou de fora. As tecnologias permitem as instituições financeiras processar e analisar quantidades imensas de dados, com os mais variados propósitos, como detectar fraudes, buscar distorções nos preços dos ativos e identificar padrões.

Já há no Brasil uma gestora de recursos que utiliza de forma intensiva essas tecnologias, e que pode oferecer serviços de carteiras administradas de maneira personalizada e escalável para os seus clientes.

Por meio da automação de processos que antes manuais, nas áreas de cadastro, compliance, risco, monitoramento das condições de mercado e das carteiras, execução de ordens e rebalanceamento, permitindo a redução dos custos para a prestação do serviço e ao mesmo tempo aprimorando a qualidade dos processos de gestão.

Com acesso a todos os serviços inovadores proporcionados pela indústria 4.0, capitaneado por um gestor profissional autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), associado ao apoio de um planejador financeiro, o cliente final tem uma alternativa muito atraente em comparação aos outros modelos de negócio disponíveis atualmente.

O mercado financeiro, assim como a economia brasileira, é dinâmico, e constantemente passa por mudanças que apresentam aos investidores novos desafios e oportunidades.

Cabe ao cliente estudar as diferente alternativas para escolher aquela que melhor irá contribuir com a prosperidade dos seus investimentos, e que ainda esteja de acordo com seu perfil e perspectivas.