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Anderson Gurgel: A era dos negócios criativos é aqui e agora

29 out 2021, 15:31 - atualizado em 29 out 2021, 15:31
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Futuro do presente: indústria 4.0 enfatiza a criatividade humana, perante a inteligência artificial (Imagem: Pixabay/ Alexandr Ivanov)

Inicio com este texto uma nova jornada muito desafiadora e prazerosa ao mesmo tempo: alimentar uma coluna aqui no Money Times sobre assuntos conectados à economia criativa. Meu objetivo, com este espaço, é compartilhar com interessados e curiosos o quão fascinante e altamente promissor é o mundo dos negócios criativos. Diferente do que muitos podem pensar, o paradigma da criatividade não é falar do futuro. É falar do presente, de empreendedores, de projetos, de startups e de muitas ações que estão mudando vidas, ativando recursos e gerando muita movimentação financeira hoje.

Convido você a me acompanhar nesta jornada pelos mais variados setores da economia criativa. Vamos nessa?
Para começar, é importante destacar que economia criativa não é um assunto novo, já vem sendo discutido mundialmente desde a década de 1980, quando o governo da primeira-ministra britânica Margareth Thatcher publicou um pioneiro relatório sobre o valor da criatividade e dos negócios tecnológicos na Grã-Bretanha. Outros países também foram importantes nesse processo, como Austrália e Coreia do Sul.

De lá para cá, o paradigma de se organizar as ações e negócios criativos sob o guarda-chuva de um conceito de economia criativa vem crescendo e ganhando o mundo. Mesmo no Brasil, o assunto já esteve no centro das políticas públicas em nível federal. Em meados do ano de 2012, foi criada a Secretaria Nacional da Economia Criativa, que foi um importante marco para a constituição da identidade da economia criativa brasileira. A própria ideia de um DNA criativo brasileiro é um assunto muito legal e falarei dele em outros textos.

Indústrias criativas

Contudo, com o passar dos governos, os conceitos inicialmente propostos foram alterados e revistos, o órgão público foi extinto, mas seu trabalho deixou sementes em solos férteis. A ideia de economia criativa foi ganhando espaço entre agentes públicos em todos os níveis e, também, empresas começaram a pensar seus negócios de forma mais sustentável. Em São Paulo, por exemplo, a antiga Secretaria Estadual da Cultura atualmente chama-se Secretaria da Cultura e Economia Criativa.

Em nível federal, apesar de movimentos errantes, alguns avanços continuam acontecendo. Um fato novo e que será destaque agora no mês de novembro é Mercado das Indústrias Criativas do Brasil 2021 (MicBR), nesta versão totalmente online. Dá para saber mais sobre o evento no perfil oficial no Instagram @micbr_oficial ou no site da Secretaria Especial da Cultura.

De certa forma, o evento vai contribuir para perceber a evolução dos negócios criativos, mesmo com a pandemia. De forma decisiva, a economia criativa foi crucial para a busca de novas soluções para lidar com os efeitos da doença e a necessidade de isolamento social para evitar contágios em massa durante o período em que uma vacina não estivesse totalmente acessível à população. Do uso de aplicativos para receber compras, comida ou remédios à expansão do streaming ou até mesmo a volta dos nostálgicos drive-in para ver filme… Tudo isso tem a ver com soluções criativas para enfrentar o desafio causado pela covid-19.

Desafios

A criatividade é um fator fundamental para os seres humanos em períodos incertos, contribui para ampliar ações solidárias e gerar renda, recursos e soluções que melhoram a qualidade de vida da população. Nesse cenário de negócios complexo e altamente desafiador, se colocarmos ainda no contexto uma revolução 4.0 que muda a relação da inteligência artificial com o trabalho e o papel do ser humano, é a que a criatividade é posta no centro das discussões sobre o futuro das relações de trabalho e do próprio ser humano.

O desafio dessa coluna, a cada texto, será tentar detalhar um pouco mais esse rico e complexo mundo dos negócios criativos. Deixo o convite para acompanhar o MicBR, como termômetro das principais tendências em negócios criativos e para a gente se encontrar aqui em breve, continuando a jornada pela economia criativa. Até breve!

Anderson Gurgel é jornalista de economia, negócios e marketing, professor universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário belas Artes, além de pesquisador, consultor e produtor de conteúdo. Conectando todas essas várias frentes de ação estão os negócios criativos, do entretenimento e do esporte, segmentos que o profissional vem se dedicando ao longo dos quase 25 anos de vida profissional. É autor de livros, produtor de eventos e já ganhou alguns prêmios, sendo um destaque a Menção Honrosa em 2019 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie pela atuação na área de inovação na educação.