Âncora fiscal: Haddad diz que novo arcabouço será apresentado mês que vem
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo deve adiantar a entrega do projeto para a nova âncora fiscal.
Segundo Haddad, a proposta deve ser apresentada ao Congresso já em março, apesar de os parlamentares definirem que o desenho do novo arcabouço poderia ser entregue depois.
“Puxamos para abril junto com a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] porque entendemos a importância do tema. Mas a Simone [Tebet, ministra do Planejamento] ponderou, com razão, que é bom termos um período de discussão antes da entrega da lei de diretrizes orçamentárias”, disse durante um evento do BTG Pactual.
A equipe econômica está há dois meses estudando regras tributárias adotadas por outros países para desenhar um modelo fiscal adequado ao Brasil e que substitua o atual teto de gastos.
“Nenhum país do mundo adota o teto de gastos. Não adota porque é mais ou menos rígido, mas fazem isso porque é uma meta que não se consegue atingir”, afirma Haddad.
Haddad pede calma
O ministro aproveitou a ocasião para pedir calma ao mercado e alegou que a ansiedade é o que mais atrapalha o trabalho do governo. “Cada espirro em Brasília gera turbulência”, diz.
Ele também reforçou que o Ministério da Fazenda e o Banco Central estão trabalhando juntos para baixar os juros, tentando acalmar os ânimos em relação ao cabo de guerra entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Roberto Campos Neto, do BC.
“Sinceramente, não vejo motivo neste momento para se preocupar com isso. Vamos nos preocupar com problemas reais, que temos, e podemos equacioná-los”, afirmou sobre o tema.
No entanto, Haddad aproveitou para dar uma leva alfinetada no Banco Central. “Sei que o caminho está contaminado por ruído e lamento que a autoridade monetária se deixe levar por ruído. Não pode tomar decisão por uma questão momentânea”, disse.
O economista André Perfeito avalia que as falas de Haddad surtiram efeito no mercado e fez a bolsa reverter a queda do início do dia.
“O governo aponta caminhos e o mercado consegue ver a direção. Falta muito ainda para concretizar as iniciativas apontadas, mas o mercado agora tem assuntos “concretos” para debater”, destaca.