Analistas se dividem sobre IPO da Movida
Termina hoje o período de reservas para o IPO (Venda inicial de ações, na sigla em inglês) da Movida, empresa do setor de aluguel de automóveis, e concorrente da Localiza – que já negocia em Bolsa com o ticker (RENT3). Rumores publicados hoje indicam que a empresa reduziu o valor mínimo na faixa sugerida para o preço das ações na estreia, que passou de um teto R$ 11,30 para a faixa entre R$ 7,50 e R$ 8,90, conforme publicou a Reuters.
Os analistas do mercado se dividem sobre a atratividade da primeira operação deste tipo na Bolsa em 2017. “Não aconselhamos o investimento nas ações ordinárias da Movida neste momento”, avalia a consultoria Lopes Filho em um relatório assinado pela analista Leila Almeida. Ela explica que, apesar de a empresa ter conseguido um ritmo acelerado de crescimento, não há garantia de que velocidade continuará intensa.
“O Brasil vive um momento singular de grave crise econômica que vem inibindo a demanda por produtos e serviços em geral, incluindo aí a utilização de aluguel de veículos por pessoas físicas e jurídicas”, afirma Leila. Ela ressalta ainda um potencial conflito de interesses com a controladora JSL. “Pelo estatuto da Movida, ela tem obrigação de distribuir apenas 25% dos lucros de cada exercício, que ainda poderão ser ajustados pela constituição de várias reservas”, ressalta.
A JSL não tem um bom histórico de pagamento de dividendos e, como principal acionista, decidirá majoritariamente sobre esse assunto. Outro analista de uma consultoria independente, que pediu para não ser identificado, também não sugere a compra das ações. “Achamos estranho a companhia já ter declarado dividendos a serem pagos com o aumento de capital. Poderia Movida estar indiretamente repassando caixa para a JSL?”, questiona.
Outro lado
Na visão da Eleven Financial Research, o mercado utiliza comparáveis equivocados com as concorrentes. “Há uma diferença substancial no ciclo de vida da companhia, se comparada a Localiza, por exemplo. Movida é um típico case de crescimento, com foco em rentabilidade determinada no médio prazo. Em relação a Unidas, uma das diferenças mais importantes está na relação entre capilaridade via operações próprias ou franquias”, explicam as analistas Beatriz Martins e a Luiza Midlej.
“É errado imaginar que comprar uma companhia no IPO significa oportunidade de ganhos altos logo após a oferta. O investidor deve ter em mente o mesmo racional de fundamentos que sustenta qualquer tese sólida em bolsa. Oferta inicial é uma escolha de investimento não uma janela de trade”, afirmam. Neste sentido, o provável menor preço na operação pode indicar uma oportunidade ainda mais favorável.
Sobre o corte no intervalo de preços, a Eleven acredita que isso mostra segurança da companhia no projeto de longo prazo. “Não consideramos um cenário de realização de secundária pelo controlador, o que consolida ainda mais a tese. Por fim… o upside fica onde deveria estar sempre, compartilhado com o investidor. Um IPO típico de mercados maduros!”, ressalta o estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto.