Analistas questionam Moody’s, enquanto Haddad e Lula comentam mudança ‘positiva’ para economia brasileira; confira
Nesta quarta-feira (01), a Moody’s Ratings, agência de classificação de risco, elevou a perspectiva para o rating do Brasil, de “estável” para “positiva”, mantendo ainda a classificação em Ba2, um patamar de mercado de risco especulativo, e fazendo apostas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A classificação gerou reações do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A agência afirma que a mudança otimista foi pautada no crescimento econômico brasileiro mais robusto, combinado com um progresso contínuo, ainda que gradual, em direção à consolidação fiscal.
Como contrapeso, a Moody’s ressaltou que a atual classificação, ainda de risco especulativo, é mantida com base na força fiscal ainda relativamente fraca, dada a alta dívida brasileira e fraca capacidade de pagamento da mesma, e a permanente sensibilidade a choques econômicos ou financeiros.
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Em nota, o destaque também ficou para outras pautas econômicas, consideradas avanços de sucesso para o governo, apesar de um ambiente político polarizado, como:
- reformas em áreas-chave, relacionadas com o quadro de política monetária e o reforço da independência do Banco Central;
- melhoria da governação das empresas públicas (SOE);
- medidas para melhorar o ambiente de negócios, tais como digitalização financeira e reforma trabalhista.
“Além de lançar as bases para um maior crescimento nos próximos anos, as reformas estruturais aumentaram a eficácia das políticas e, juntamente com as barreiras institucionais, reduziram a incerteza em torno da orientação política futura”, afirma a Moody’s.
A alteração gerou reações entre os analistas. Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, “apesar da revisão negativa na estrutura, ainda há a sensação de um esforço em direção ao equilíbrio, evitando fechar o ano com déficits e endividamento cada vez maiores”.
Matheus Spiess, estrategista da Empiricus, afirma que a “parte relacionada à consolidação fiscal parece desconectada da realidade atual, uma vez que estamos enfrentando uma erosão preocupante da credibilidade fiscal”, ressaltando também a necessidade do governo apresentar um plano crível para reorganizar as contas públicas e restaurar a confiança dos investidores.
Lula e Haddad comentam avaliação da Moody’s
A mudança de perspectiva ocorre enquanto o país passa por discussões como a desoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras e a mudança de metas fiscais para os próximos anos.
Em sua conta no X, antigo Twitter, Fernando Haddad afirmou que, apesar da deterioração momentânea da economia global, “o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental”.
A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos três poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis. Mesmo com a deterioração…
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) May 1, 2024
Em resposta à postagem do ministro, o presidente Lula comentou que “O Brasil que estamos construindo voltou a ser respeitado no mundo e voltou a ter credibilidade econômica e ambiental. Isso é bom para todo mundo”.
O Ministério da Fazenda, em nota divulgada pelo Tesouro Nacional, também comentou a mudança na perspectiva da agência Moody’s, citando o novo arcabouço fiscal e afirmando que “O melhor balanço fiscal do governo levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito”.
“A agência reconhece o papel do arcabouço para a consolidação fiscal, levando à redução gradual dos déficits, e enfatiza a importância da manutenção da credibilidade deste para a redução das incertezas a respeito da trajetória fiscal”.
Agência está de olho no PIB brasileiro
Além de comentar as mudanças fiscais brasileiras, a Moody’s abordou a expectativa de crescimento real do PIB para uma média de 2% em 2024 e 2025 e no médio prazo, resultado, em parte, obtido através do resultado de “reformas estruturais implementadas ao longo de sucessivas administrações”.
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Ela ressalta os fatores cíclicos que impulsionaram o Produto Interno Bruto entre 2022 e 2023, como a forte produção agrícola, mas espera que nos próximos anos o crescimento econômico seja generalizado, estendendo-se aos setores de indústria e serviços, com um aumento da procura interna impulsionada por um forte mercado de trabalho e salários reais mais elevados.
“A agenda de transição energética do governo, que visa atrair investimento privado para projetos de energia limpa com incentivos e um quadro regulamentário favorável, acrescenta potencial positivo às previsões de crescimento a médio e longo prazo da Moody’s”, afirmam, em nota.