Analistas estão otimistas com Ambev, apesar de ritmo mais lento de reabertura; XP eleva preço-alvo
A XP Investimentos elevou o preço-alvo da ação da Ambev (ABEV3) de R$ 17,15 para R$ 20, incorporando os resultados do primeiro trimestre do ano e as novas perspectivas macroeconômicas.
A classificação de compra, mesma do início de cobertura, foi mantida pela corretora. Na opinião dos analistas Leonardo Alencar e Larissa Pérez, responsáveis pela parte de Agro, Alimentos & Bebidas da XP, a recomendação foi certeira. Desde que passaram a cobrir os papéis, a Ambev conseguiu entregar melhorias na parte operacional.
“A eficiência operacional veio como a cereja do bolo, ou como uma cerveja gelada em uma tarde quente, para alinharmos a metáfora ao contexto”, comentaram os analistas, em relatório divulgado na segunda-feira.
Nessa linha, Alencar e Pérez destacaram os dois aplicativos da companhia: o Zé Delivery, que recebeu 14 milhões de pedidos no primeiro trimestre; e o BEEs, plataforma B2B (Business to Business). Segundo os analistas, se a Ambev adicionar mais estratégias de precificação, descontos inteligentes e algoritmos para recomendação de portfólio, essas ferramentas poderão trazer volumes maiores e, simultaneamente, preços mais altos.
A Ambev tem conseguido impulsionar suas operações. O volume de cerveja no Brasil aumentou mesmo em meio a um cenário desafiador, e isso surpreendeu o mercado. A XP destacou que outras empresas do segmento de bebidas enfrentaram escassez de latas e garrafas de cerveja, abrindo espaço para uma recuperação de participação de mercado por parte da Ambev.
Os preços médios também surpreenderam. O aumento dos valores pode ser associado à estratégia de diversificação do portfólio da cervejaria, trazendo maior valor para suas marcas.
A Ambev também lançou novas marcas que fizeram sucesso, como a Brahma Duplo Malte, e trouxe marcas internacionais para o Brasil, como a Becks.
Pressão nas margens
A principal preocupação dos analistas sobre a Ambev diz respeito à pressão de custos e margens. Os preços das commodities continuam subindo, levando a uma contração da margem bruta de 58,8% em 2019 para 53,6% em 2020.
A margem deve cair em 2021 novamente, para 52,3%.
“Acreditamos que ainda passaremos por alguns anos de margens mais baixas antes da empresa retomar o nível de 2019”, afirmaram Alencar e Pérez.
Para que as margens voltem a crescer, os bares e restaurantes precisam retomar as atividades.
“Esperávamos que bares e restaurantes voltassem a abrir suas portas em um ritmo mais rápido do que realmente aconteceu. Atualmente, não só muitos negócios ainda estão funcionando apenas parcialmente como ainda temos a terceira onda de Covid-19 pairando sobre nós”, comentaram os analistas.
Com o avanço da campanha de vacinação no país, os estabelecimentos devem voltar a funcionar normalmente, o que impactará de maneira positiva as margens da Ambev.